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Festas Coloniais

Batismo no Brasil colonial

Escrito por Super User | Publicado: Sexta, 26 de Janeiro de 2018, 18h09 | Última atualização em Quarta, 14 de Abril de 2021, 14h28

Carta do conde de Aguiar para o Bispo Capelão Mor informando sobre o batismo do infante, filho de dona Maria Teresa com o infante d. Pedro Carlos. Informava também algumas medidas de segurança que deveriam ser seguidas para impedir a entrada de pessoas não convidadas. O documento apresenta a ordem litúrgica e a importância das celebrações cristãs na nobreza luso-brasileira.


Conjunto documental: Livro de Casamento e batizados de membros da Família Real e Imperial

Notação: Códice 263

Datas – limite: 1810-1845

Título do fundo: Casa Real e Imperial / Mordomia-mor

Código do fundo: Ø0

Argumento de pesquisa: Festas oficiais

Data do documento: 12 de Novembro de 1811

Local: -

Folha (s): 8 e 8v
 

“Função do Batismo

Para o Bispo Capelão Mor

Ex.mo Re.mo Sr  = O Príncipe Regente[1] Nosso Senhor, tem feito eleito da pessoa da V.Ex.a para batizar o Sereníssimo Senhor Infante[2] com que Deus Nosso Senhor abençoou os desposórios da Sereníssima Senhora Princesa Real Dona Maria Theresa[3] com o Sereníssimo Senhor Infante da Espanha dom Pedro Carlos. O Batismo se há de celebrar terça-feira 17 do corrente pelas seis horas da tarde na Real Capela de Nossa Senhora do Monte Carmo. Pelo que pertence à mesma Capela mandará V.Ex.a dispor nela tudo na forma que se costuma praticar em semelhantes atos. Tão bem V.Ex.a  ordenará pela parte que lhe toca, que a água que levarem os reposteiros para se fazer o batismo se benza a tempo, que quando chegar a Corte à capela, esteja tudo pronto da sorte que não haja demora.

As portas principais e travessas devem estar fechadas, para não entrarem mais pessoas do que aquelas que forem do serviço da mesma capela; os fidalgos[4]; os ministros dos Tribunais; os prelados maiores das religiões; os oficiais da Guerra que tiverem patente de sargento mor e daí para cima, em ordem, a cujo fim se tem mandado por guardas nas ditas portas: devendo o acompanhamento entrar e sair pela porta principal da referida capela.

 

Já V.Ex.a  sabe que neste dia há de haver repiques de sinos, como sempre se praticou em semelhantes ocasiões = Deus guarde a V.Ex.a em 12 de Novembro de 1811 = Conde de Aguiar[5].”

 

[1] JOÃO VI, D. (1767-1826): segundo filho de d. Maria I e d. Pedro III, se tornou herdeiro da Coroa com a morte do seu irmão primogênito, d. José, em 1788. Em 1785, casou-se com a infanta Dona Carlota Joaquina, filha do herdeiro do trono espanhol, Carlos IV que, na época, tinha apenas dez anos de idade. Tiveram nove filhos, entre eles d. Pedro, futuro imperador do Brasil. Assumiu a regência do Reino em 1792, no impedimento da mãe que foi considerada incapaz. Um dos últimos representantes do absolutismo, d. João VI viveu num período tumultuado. Foi sob o governo do então príncipe regente que Portugal enfrentou sérios problemas com a França de Napoleão Bonaparte, sendo invadido pelos exércitos franceses em 1807. Como decorrência dessa invasão, a família real e a Corte lisboeta partiram para o Brasil em novembro daquele ano, aportando em Salvador em janeiro de 1808. Dentre as medidas tomadas por d. João em relação ao Brasil estão a abertura dos portos às nações amigas; liberação para criação de manufaturas; criação do Banco do Brasil; fundação da Real Biblioteca; criação de escolas e academias e uma série de outros estabelecimentos dedicados ao ensino e à pesquisa, representando um importante fomento para o cenário cultural e social brasileiro. Em 1816, com a morte de d. Maria I, tornou-se d. João VI, rei de Portugal, Brasil e Algarves. Em 1821, retornou com a Corte para Portugal, deixando seu filho d. Pedro como regente.

[2] INFANTE: título de nobreza concedido aos filhos legítimos dos reis da Espanha e Portugal que não eram herdeiros da Coroa, bem como aos filhos do herdeiro presuntivo – o príncipe – do trono português.

[3] MARIA TERESA, D. (1793-1874): princesa portuguesa, cujo nome completo era Maria Teresa Francisca de Assis Antônia Carlota Joana Josefa Xavier de Paula Micaela Rafaela Isabel Gonzaga de Bragança, filha mais velha de d. João VI e d. Carlota Joaquina. Casou-se com seu primo, o infante de Espanha d. Pedro Carlos Antônio de Bourbon e Bragança em 1810 no Rio de Janeiro, enviuvando dois anos depois. Estabeleceu-se na Espanha, após o regresso de d. João VI e da Corte a Portugal em 1821, onde participou ativamente da vida política. Em 1838, d. Maria Teresa contraiu segundas núpcias com o infante dom Carlos Maria Isidro, Duque de Madri e Conde de Montemolin e Molina, pretendente ao trono de Espanha.

[4] FIDALGO: a palavra fidalgo originou-se do termo filho d’algo, indicando aqueles “bem nascidos”, que possuíam foro de nobreza.

[5] CASTRO, D. FERNANDO JOSÉ DE PORTUGAL E (1752-1817): 1o conde de Aguiar e 2o marquês de Aguiar, era filho de José Miguel João de Portugal e Castro, 3º marquês de Valença, e de Luísa de Lorena. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, ocupou vários postos na administração portuguesa no decorrer de sua carreira. Governador da Bahia, entre os anos de 1788 a 1801, passou a vice-rei do Estado do Brasil, cargo que exerceu até 1806. Logo em seguida, regressou a Portugal e tornou-se presidente do Conselho Ultramarino, até a transferência da corte para o Rio de Janeiro. A experiência adquirida na administração colonial valeu-lhe a nomeação, em 1808, para a Secretaria de Estado dos Negócios do Brasil, pasta em que permaneceu até falecer. Durante esse período, ainda acumulou as funções de presidente do Real Erário e de secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Foi agraciado com o título de conde e marquês de Aguiar e se casou com sua sobrinha Maria Francisca de Portugal e Castro, dama de d. Maria I. Dentre suas atividades intelectuais, destaca-se a tradução para o português do livro Ensaio sobre a crítica, de Alexander Pope, publicado pela Imprensa Régia, em 1810.

 

Sugestões de uso em sala de aula:

Utilização(ões) possível(is):
- Ao trabalhar o tema transversal “pluralidade cultural” 
- No eixo temático sobre a “História das representações e das relações de poder”
 

Ao tratar dos seguintes conteúdos:

- O Homem e a Cultura
- A sociedade colonial: movimentos religiosos e culturais 
- Brasil colonial: religião e sociedade

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