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Valongo

Publicado: Sexta, 12 de Novembro de 2021, 16h30 | Última atualização em Sexta, 12 de Novembro de 2021, 16h30

Em 1770, o marquês do Lavradio, vice-rei do Brasil, decidiu transferir o desembarque dos navios negreiros (também chamados navios de escravatura) e o comércio de escravos da área central do Rio de Janeiro para uma região mais afastada, conhecida como Valongo, próximo ao morro da Conceição. O mercado de escravos funcionava, até então, no meio da rua Direita, próximo à rua do Cano e à rua de São José, e em outras ruas estreitas do centro da cidade. Sua intenção, ao promover a mudança do mercado para uma área ainda pouco ocupada, parece ter sido  evitar, principalmente aos olhos dos estrangeiros, nobres e recém-chegados que desembarcavam no cidade no cais defronte ao Largo do Paço, um espetáculo chocante de homens, mulheres e crianças seminus, geralmente fracos e doentes, em exposição, à venda pelas ruas do Centro. Logo que o Cais do Valongo foi construído (em 1817 passando a se chamar Cais da Imperatriz – com a chegada da princesa Leopoldina) e o porto e o mercado foram transferidos para lá – entre as atuais regiões da Saúde e Gamboa –, a população da área adensou, trapiches, armazéns, mercados, pequenos comércios e residências dos negociantes e traficantes de escravos cresceram nos arredores; pântanos foram aterrados e ruas abertas. Ao desembarcar dos navios, os negros africanos escravizados eram conduzidos aos armazéns e mercados, onde eram alimentados, minimamente vestidos, recebiam cuidados de saúde e higiene (para se recuperarem da viagem e das doenças, e não morrerem) e separados, por idade, nacionalidade e sexo. A maioria dos escravos do Valongo era de homens jovens, entre 13 e 24 anos. No início do século XIX, o movimento comercial da região começou a sofrer um pequeno declínio devido, principalmente, às tentativas de interrupção do tráfico negreiro, primeiramente em 1831, intensificando-se após a lei de 1850 que efetivamente extinguiu o tráfico (abolição gradual do tráfico de escravos). Posteriormente, essa região ficou conhecida por ser habitada pela população mais pobre da cidade que, ao longo dos anos, foi subindo os morros em busca de moradia. Tendo em vista a grande concentração de negros (ex-escravos e seus descendentes), a região do Valongo caracterizou-se por manter vivas as tradições da cultura africana, até os dias de hoje.

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