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Regências Barbarescas

Publicado: Domingo, 14 de Novembro de 2021, 01h15 | Última atualização em Domingo, 14 de Novembro de 2021, 01h15

A Barbária, ou Berbéria, ou Costa Barbaresca refere-se à região Noroeste da África, banhada pelo mar Mediterrâneo e pelo oceano Atlântico, limitada ao sul pelo deserto do Saara, também chamada Magrebe, que engloba, atualmente, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia. Na época do Império Romano essa região era conhecida como África Menor. Os berberes eram povos de diferentes etnias e línguas que habitavam o território do Magrebe; o termo berbere vem do grego bárbaro, usado para se referir aos estrangeiros, aqueles que não eram gregos. Tiveram influências dos fenícios – que inclusive fundaram as principais cidades: Argel, Túnis e Trípoli, aproximadamente entre VI e VII a.C. –, gregos, romanos, bizantinos e dos vândalos que chegaram à África pela Península Ibérica e foram conquistados pelos árabes no século XII. No século XVI os turcos otomanos começaram a conquistar as principais cidades do Norte do continente africano, entre elas as acima citadas, dando início às regências barbarescas. Também chamadas de regências turcas magrebinas, foram o governo de Argel, Túnis e Trípoli durante o domínio do Império Otomano. As regências tinham relativa autonomia do governo de Istambul, que não conseguia controlar com a mesma intensidade as regiões mais distantes do império, variando de acordo com a cidade e a região. Eram, em geral, governos de grande presença e força militar (sobretudo a regência de Argel), que procuravam se unir às elites locais para mais facilmente governarem e se manterem no poder com mais legitimidade e menos resistência dos locais. A força da economia estava principalmente no comércio com a Europa de gêneros “exóticos” e escravos, e, paradoxalmente, no corso e pirataria, contra as mesmas nações europeias, especialmente as cristãs, que eram encarados como parte de uma guerra santa. Devido à proximidade com Portugal, o contato entre as regiões era frequente e nem sempre amistoso, em função dos ataques piratas e das disputas religiosas. Em 1813, Portugal assinou um acordo de Paz com a regência de Argel, logo depois de ter desocupado totalmente a cidade de Mazagão, última possessão portuguesa no território do Marrocos. De acordo com Eva-Maria Von Kemnitz, "Portugal dialogou com Marrocos e com as Regências barbarescas, de igual para igual, respeitando, nas negociações, a especificidade do contexto jurídico islâmico e permaneceu fiel ao espírito dos tratados celebrados com aqueles Estados. O saber que os orientalistas portugueses, no caso arabistas, produziram serviu a [sic] diplomacia portuguesa nos contatos com o Norte de África, não revelando o seu conteúdo atitudes nem de supremacia nem de menosprezo, não servindo nem a conquista nem a expansão colonial”. (O orientalismo na perspectiva de Edward Said. Intervenção no Colóquio sobre a Vida, Pensamento e Obra de Edward Said, organizado pelo MPPP..., novembro de 2009.)

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