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“Tecidos do Império”: vestígios da produção e circulação têxtil no mundo luso-brasileiro
Rita Morais de Andrade [1]
A partir do século XVI, o Império Português consolidou-se como uma vasta rede de trocas comerciais, cujas rotas cruzavam os oceanos e conectavam continentes distantes no contexto de uma vibrante economia global e moderna. O tema “Tecidos do Império” emerge neste cenário, revelando a riqueza e o controle sobre os tecidos e suas circulações como mercadorias essenciais na construção dos sentidos modernos de status e poder. Datados do período de 1548 a 1821, os documentos deste acervo que se constituiu de diversos fundos da instituição, com cerca de cinquenta ementas de manuscritos, oferecem um recorte multifacetado da complexa economia têxtil, que abarcava tanto tecidos de prestígio, como as sedas e os brocados, quanto panos de uso comum e tecidos utilitários fundamentais, como linho e lã, tão presentes nas vestimentas militares e civis.
Os manuscritos presentes nos arquivos da Relação da Bahia, Secretaria do Brasil, Vice-Reinado e outros fundos salvaguardados pelo Arquivo Nacional refletem as práticas econômicas e culturais de um império em que o comércio de tecidos era regulamentado por normas rígidas, nem sempre cumpridas. Tais legislações estabeleciam a circulação dos panos com selos de autenticidade, como o regimento de 1548, [2] impunham o controle de preços [3] e definiam a exclusividade das importações, resguardando o Império contra os impactos do contrabando e dos produtos asiáticos que ameaçavam a balança econômica de Portugal (1772, 1787). [4] Esses dispositivos delinearam uma política protecionista que, ao mesmo tempo, impulsionou o consumo de tecidos importados e reprimiu a entrada descontrolada de mercadorias estrangeiras, como observado nos decretos de importação de 1787 e nas restrições aos tecidos de Bengala (1795).
As ementas também destacam o papel dos tecidos na manutenção do poder militar e político. A documentação evidencia a importância da uniformização das tropas e dos oficiais através das vestimentas, onde detalhes como cores e bordados denotavam a hierarquia e a organização militar [5] As despesas com fardamentos, desde o linho para camisas até os botões das casacas, atestam a preocupação do Império em manter sua representação de força e distinção, assegurando que as tropas mantivessem um padrão que fosse, também, um reflexo de ordem e disciplina imperial. A padronização da indumentária – seja nas alfândegas ou nas fardas – era essencial para a integridade da hierarquia e da economia de um império que, para sustentar seu prestígio, precisava regulamentar os produtos que o representavam.[6]
A pesquisa nos documentos deste conjunto oferece, portanto, um prisma revelador dos valores da sociedade luso-brasileira e do papel dos tecidos como bens reguladores de distinção e de ordem em um império que se expandia para além do continente europeu. Oferece ainda uma visão sobre problemas econômicos e sociais a partir da cultura material, especialmente da produção e circulação de produtos têxteis. Nas entrelinhas dos documentos, encontra-se a complexidade da vida social, das negociações e conflitos mediados nas relações interculturais, nos interesses nacionais e até mesmo no contrabando e na cópia de produtos manufaturados.[7]
Por meio desta seleção, o portal O Arquivo Nacional e a História Luso-Brasileira oferece um convite para que pesquisadores e estudantes se aprofundem nas camadas históricas dos “Tecidos do Império”, tema que nos permite compreender as vestimentas como símbolos de uma sociedade marcada pela transposição de valores, tradições e interesses comerciais entre os mundos português e brasileiro num contexto de globalização do comércio.
A análise das ementas elaboradas a partir do acervo do Arquivo Nacional pode ainda contribuir para uma história centrada na escravidão. Por um lado, as ementas mencionam a produção de tecidos como o algodão, a seda e a lã, que eram frequentemente associados a camadas sociais mais altas e aos mercados de exportação. O foco em produtos como o cânhamo, que teve grande relevância na produção de cordoarias e velas, sugere que a indústria têxtil estava mais voltada para atender às demandas dos impérios e das elites do que às necessidades dos escravizados, embora fossem exatamente esses que efetivamente cultivavam a planta e trabalharam em sua manufatura.[8]
Por outro lado, a ausência de referências explícitas a tecidos mais baratos para vestuário de escravizados pode indicar uma marginalização desses materiais nas documentações oficiais ou uma falta de interesse em sua produção e comércio. As ementas também revelam esforços da Coroa portuguesa para estabelecer a produção local de cânhamo e algodão, mas não mencionam especificamente a criação de uma indústria voltada para a confecção de vestuário para a população escravizada.
Assim, a documentação reflete a hierarquia social e econômica da época, onde os produtos têxteis eram majoritariamente direcionados a segmentos dominantes da sociedade, e sugere uma invisibilidade social da população escravizada, assim como discute Maximiliano Menz em seu trabalho sobre os escravos da feitoria do linho cânhamo, que nos fornece alguns dados importantes:
Nos cinco anos que se seguiram à instalação da Feitoria, a população escrava cresceu 43,9%, (de 46 para 82 indivíduos),[9] média anual de 12,2%. Este crescimento importante nos três primeiros anos explica-se pelo fato de os casais de escravos recém-chegados em 1783 serem muito jovens e com poucos filhos. O segundo período ainda apresenta um crescimento anual considerável (4,5%), talvez decorrente de aquisições; as famílias envelhecem, trata-se da segunda geração de escravos. Os últimos anos (1824) assistiram à estabilização da escravaria.[10]
A série de ementas sobre o cultivo do linho cânhamo e as iniciativas econômicas durante o período colonial revelam ainda um panorama abrangente das tentativas do governo português de fortalecer a economia do Brasil e de suas capitanias. Esses documentos, oriundos do acervo da Secretaria do Estado do Brasil e do Ministério do Reino, demonstram o interesse persistente em desenvolver culturas e manufaturas locais que contribuíssem diretamente para a autossuficiência e para o crescimento econômico da metrópole. A documentação expõe uma série de cartas trocadas entre o vice-rei, conde de Resende, e autoridades das diversas capitanias. Nessas correspondências, o conde questiona e instrui sobre as medidas necessárias para o êxito no cultivo do linho cânhamo. Por exemplo, em uma carta de 31 de agosto de 1797, o vice-rei questiona aqueles que receberam as sementes sobre as providências adotadas para garantir o sucesso do cultivo.[11] Esse esforço continuado revela a preocupação do governo português com o estabelecimento de uma cultura que suprisse as necessidades da Marinha Real, na época dependente de fibras naturais para a confecção de cordas e velames, essenciais para as embarcações.[12]
Outros documentos mostram tentativas de solucionar os problemas encontrados no cultivo do linho cânhamo. Em uma carta de 28 de setembro de 1797, o vice-rei lamenta o fracasso nas primeiras experiências de cultivo, apesar de tentativas realizadas em diferentes estações do ano. Solicita uma nova remessa de sementes de Santa Catarina, indicando que estas possuíam qualidade superior.[13] Esse tipo de correspondência não apenas evidencia as dificuldades agronômicas, mas também destaca a adaptação das práticas agrícolas à realidade local e às limitações de cada capitania.
As iniciativas portuguesas para cultivar cânhamo, desde a sua introdução até os métodos de incentivo econômico, têm implicações importantes. O cânhamo desempenhou um papel crucial na economia global da era moderna, particularmente na integração dos mercados mundiais durante o processo de globalização. Em resposta à necessidade crescente desse recurso, impérios europeus como o britânico, o espanhol e o português buscaram reduzir a dependência em relação ao Império Russo, um dos principais produtores na época, incentivando a produção de cânhamo em seus territórios metropolitanos e coloniais.
A Coroa portuguesa, em particular, tentou estabelecer a agricultura de cânhamo no Brasil desde 1716, culminando na fundação, em 1783, da Real Feitoria do Linho Cânhamo no Rincão de Canguçu (RS), um esforço alinhado com as políticas mercantilistas do Estado. Essa iniciativa visava garantir a produção de uma matéria-prima essencial para sustentar os impérios coloniais, refletindo a importância estratégica do cânhamo na economia da época.[14]
Os documentos do Códice 70, volume 18, da Secretaria de Estado brasileira (1798), revelam a intensa campanha empreendida pelo vice-rei conde de Rezende para estimular a produção de linho de cânhamo nas capitanias brasileiras durante os anos finais do século XVIII. A correspondência com diversas autoridades locais, como o juiz superintendente-geral Manoel Pinto da Cunha e Souza e o coronel distrital Manoel Martins do Couto Reys, demonstra a preocupação da Coroa portuguesa em garantir o abastecimento da Marinha Real com uma matéria-prima estratégica. As cartas destacam a importância da distribuição e cultivo de sementes de cânhamo, reforçando a política mercantilista que visava a autossuficiência e o fortalecimento do Império português. Algo semelhante fora observado em uma carta enviada ao governador de Santa Catarina, onde se solicita que a prática seja incentivada.[15] Esse documento exemplifica o esforço conjunto da Coroa para superar os desafios e valorizar o cultivo em prol do desenvolvimento colonial.
Além do linho cânhamo, o governo português considerava outras atividades econômicas estratégicas. Em uma “Memória político-econômica sobre o comércio ativo da capitania de Goiás”, são explorados o cultivo do algodão e o potencial econômico da região. A ementa descreve o algodão como uma planta de crescimento espontâneo, com custo reduzido, especialmente em comparação com [o de] outras capitanias, como a do Pará, ressaltando a facilidade de exportação e sugerindo providências para assegurar a prosperidade local.[16]
Essa coleção documental também registra reflexões mais amplas sobre a produção manufatureira e o comércio. Uma representação elaborada entre 1801 e 1803 sobre as manufaturas de lã no Alentejo sugere uma série de medidas para revitalizar o setor, inclusive a aquisição de máquinas e incentivos econômicos para o comércio da lã e do linho produzidos em Portugal. Essa representação, que inclui amostras de tecidos, enfatiza a importância de se manter a qualidade e a preferência pelas manufaturas locais, uma estratégia que pretendia reduzir a dependência externa.[17]
Algo semelhante foi realizado com a seda. A análise das ementas do fundo do Arquivo Nacional revela a presença da seda na economia têxtil do Brasil, especialmente em um contexto de transformação industrial e comercial. Havia uma articulação com companhias monopolistas e a tentativa de incentivar a produção local de seda, impulsionada pela abertura dos portos brasileiros em 1808 e pela permissão do fabrico de sedas. A ementa referente às “Consultas do Conselho da Fazenda de Lisboa”[18] destaca a representação de Simão Bernardo Balmaceda, proprietário de uma fábrica de tecidos de seda e algodão, que denunciou "atos de violência" contra os proprietários e mestres de fábricas, que se viam obrigados a pagar tarifas abusivas, ferindo o alvará de 28 de abril de 1809. Esse alvará isentava esses fabricantes do pagamento de direitos sobre o consumo e a exportação, visando conservar a indústria nacional e manter a competitividade com comerciantes estrangeiros. Contudo, a tentativa de desenvolvimento da indústria da seda foi prejudicada pela concorrência inglesa e pela crescente popularidade do algodão, que se tornaram alternativas mais viáveis no mercado.[19] Isso reflete uma fase de decadência que destaca a luta da indústria têxtil brasileira para se adaptar às mudanças econômicas e sociais da época, um cenário que pode ser mais bem compreendido por meio da documentação encontrada no Arquivo Nacional.
Esses documentos apresentam uma visão detalhada dos esforços da Coroa para incentivar o desenvolvimento agrícola e manufatureiro do Brasil colonial, a fim de integrar a produção local às necessidades da metrópole que vinha fortalecendo as suas próprias manufaturas têxteis desde pelo menos o século XVII.[20] As correspondências e memórias retratam não só as dificuldades de adaptação das culturas, como o linho cânhamo, às condições ambientais das capitanias, mas também a persistência do governo em apoiar iniciativas que contribuíssem para a estabilidade econômica e o fortalecimento das manufaturas do reino.
Esses conjuntos documentais indicam a atividade econômica e as políticas industriais e comerciais durante o período de transição entre o Brasil Colônia e o Brasil Reino Unido com Portugal, ilustrando o envolvimento do governo na organização e no incentivo à produção local. Há exemplos de uma diversidade de temas que podem ser explorados para pesquisa. A correspondência de Tomás Antônio Villanova Portugal, secretário do Reino do Brasil, ao cardeal patriarca de Lisboa apresenta a sua intercessão a favor de José Ferreira Pinto Bastos, um contratador que pretendia reativar a Fábrica de Tecidos da Vila de Alcobaça. Esta comunicação demonstra o apoio do governo brasileiro a empreendimentos industriais que promovessem o desenvolvimento e a autossuficiência econômica.[21]
Outros documentos sugerem distinções no uso das fibras têxteis. O códice 56, volume 1,[22] contém uma provisão para o administrador do Real Erário descrevendo artigos consumidos pela Real Mantearia. Ele menciona que os produtos foram feitos de linho em vez de algodão devido à maior durabilidade, revelando preocupações com a qualidade e a longevidade dos produtos e a gestão dos recursos públicos.
No conjunto documental “Junta do Comércio: Fábricas”,[23] um inventário detalhado da Fábrica de Fiação de Tecidos de Algodão na Lagoa Rodrigo de Freitas, com itens como a casa da fábrica, teares, materiais de construção e animais de tração, reflete o custo operacional e o investimento em infraestruturas para o desenvolvimento de uma indústria têxtil nacional, incluindo a mão de obra e as matérias-primas utilizadas. Já “Alvarás sobre fiações de seda e importação”[24] inclui uma carta de lei que regulamenta a taxação de cobertores e mantas de lã importados da Espanha. Esta política de tributação protecionista visava fortalecer a indústria nacional ao tornar produtos importados mais caros, incentivando o consumo de artigos locais.
Esses documentos não apenas retratam a estrutura da administração econômica da época, mas também mostram a tentativa de diversificação econômica e fortalecimento das indústrias locais frente aos produtos estrangeiros, uma estratégia essencial no processo de independência econômica do Brasil. Oferecem uma visão aprofundada da estrutura administrativa e econômica do país na época, revelando não apenas os mecanismos de controle e regulação do comércio têxtil, mas também a dinâmica de diversificação econômica que se buscava promover.
Essa valorização da indústria têxtil é uma parte importante do processo de independência econômica, pois contribuía para reduzir a dependência de produtos estrangeiros e estimulava a inovação e o desenvolvimento regional. Os documentos revelam aspectos sociais significativos, como as condições de trabalho e as relações de classe no setor têxtil, fundamentais para entender a sociedade brasileira. Revelam ainda aspectos técnicos, disputas de classes e preferências estéticas de mercado, constituindo um rico corpus de análise para estudos em cultura material que permite traçar um panorama das interações sociais e culturais que moldaram a vida cotidiana e a globalização do mundo moderno.
[1] Professora titular da Universidade Federal de Goiás. Doutora em História Cultural pela PUC-SP, é especializada em história do vestuário. http://lattes.cnpq.br/0652175469093010
[2] ANRJ. Registro de provisões, alvarás, leis, portarias e cartas régias da Relação do Brasil. Relação da Bahia. BR RJANRIO 83.COD.0.541, v. 01, fls. 68 a 81v.
[3] ANRJ. Registro de provisões, alvarás, leis, portarias e cartas régias da Relação do Brasil. Relação da Bahia. BR RJANRIO 83.COD.0.542, v. 01, fls. 142 a 143v.
[4] Cf. ANRJ. Registro de provisões, alvarás, leis, portarias e cartas régias da Relação da Bahia. Lisboa, 19 de junho de 1772. Relação da Bahia. BR RJANRIO 83.COD.0.542, v.02, fls. 114v-116v e Alfândega do Rio de Janeiro. 14 de junho de 1787. Vice-reinado. BR RJANRIO D9.CAI.0.495 pct. 03..
[5] Cf. ANRJ. Carta régias, provisões, alvarás e avisos Rio de Janeiro, 7 de abril de 1752. Secretaria do Brasil. BR RJANRIO 86.COD.0.952, v.37, fl. 150 a 152; Alvarás citando três secretarias de estado, estabelecimento, soldos e gratificações para soldados, oficiais do exército impondo novas condições à Real Companhia de estabelecimento para as fiações de seda. Palácio de Queluz, Portugal, 19 de janeiro de 1795. BR RJANRIO NP.COD.0.796, v.02, fl.: 21 e Secretaria de Estado do Ministério do Reino. Queluz, Portugal, 30 de agosto de 1795. Negócios de Portugal. BR BR ANRIO 59CAI.0.0692024, fls.1-3v
[6] ALMEIDA, Adilson José de. Uniformes da Guarda Nacional (1831-1852): a indumentária na organização e funcionamento de uma associação armada. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, v. 8-9, n. 1, p. 77-147, 2001.
[7] LUZ, Alex Faverzani da. A política de incentivo às manufaturas têxteis em Portugal século XVII: dos discursos de Duarte Ribeiro de Macedo à gestão do 3º Conde da Ericeira. In: PEREIRA, Denise (org.). Campos de saberes da história da educação no Brasil 2 [recurso eletrônico]. Ponta Grossa (PR): Atena, 2019, p. 155-171. DOI: 10.22533/at.ed.55919050715.
[8] MENZ, Maximiliano M. Os escravos da Feitoria do Linho Cânhamo: trabalho, conflito e negociação. Afro-Ásia, Salvador, n. 32, 2005. DOI: 10.9771/aa.v0i32.21090.
[9] Cf. LUZ, Alex Faverzani da, op. cit.
[10] MENZ, Maximiliano M., op. cit., p. 155.
[11] ANRJ. Registro da correspondência do vice-reinado com diversas autoridades. Secretaria do Estado do Brasil. BR RJANRIO 86.COD.0.70, v. 18, fl. 73v.
[12] A quantidade de tecido utilizada no fabrico das cordoarias e velas usadas em embarcações militares demonstra a grandeza do negócio da produção de cânhamo que foi essencial na integração dos mercados mundiais. Embarcações marítimas europeias chegaram a utilizar mais de trezentas mil toneladas só para a primeira armação das velas (DÍAZ-ORDÓÑEZ, M. Amarrados al negocio: reformismo borbónico y su ministro de Jarcia para la Armada Real (1675-1751). Madrid: Ministerio de Defesa/Secretária General Tecnica, 2009 apud ROSA, L. Real Feitoria do Linho Cânhamo: da diversificação econômica aos desafios produtivos (1783-1824). Economia e Sociedade, v. 33, n. 2, p. e269846, p. 1.
[13] ANRJ. Registro da correspondência do vice-reinado com diversas autoridades. Secretaria do Estado do Brasil. BR RJANRIO 86.COD.0.70, v. 18, fls. 83v-84v.
[14] ROSA, L., op. cit; BENTO, Cláudio Moreira. Em Canguçu Velho - Canguçu - RS a sede da Real Feitoria do Linho Cânhamo do Rincão do Canguçu 1783-89. Resende: Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB), 2009; MENZ, Maximiliano M., op. cit.
[15] ANRJ. Registro da correspondência do vice-reinado com diversas autoridades. Secretaria do Estado do Brasil. BR RJANRIO 86.COD.0.70, v. 18, fls. 108v-110.
[16] ANRJ. Coleção de memórias e outros documentos sobre vários objetos. Diversos Códices – SDH. BR RJANRIO NP. COD.0.807, v. 10, fls. 15-15v.
[17] ANRJ. Secretaria de Estado do Ministério do Reino.Negócios de Portugal. BR RJANRIO 59.CAI.0.0679008.
[18] ANRJ. Consultas do Conselho da Fazenda de Lisboa. Negócios de Portugal. BR RJANRIO 59.
[19] BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond. Teares, fios e tecidos em viagem: produções e exportações da Real Fábrica das Sedas para o Brasil (1734-1821). Revista de Artes Decorativas, Porto, Universidade Católica Portuguesa, n. 1, p. 123-144, 2010.
[20] De acordo com Alex Faverzani da Luz (op. cit., p. 159): “Em meio ao incentivo de fomento manufatureiro seiscentista, assiste-se ao surgimento de manufaturas de diferentes segmentos produtores, tais como a indústria de tecelagem da lã situada nas regiões de Torre de Moncorvo, Guimarães, Lamego, Pinhel, Porto, Guarda, Covilhã, Fundão, Castelo Branco, Coimbra, Portalegre, Santarém, Minde, Lisboa, Redondo, Castelo de Vide, além de abranger outras regiões mais dispersas constituídas de processos de fiação caseira que complementavam a capacidade produtiva.”
[21] ANRJ. Avisos e portarias do governo do Brasil para várias autoridades de Portugal. Negócios de Portugal. BR RJANRIO 59.COD 251, v. 11.
[22] ANRJ. Decretos, avisos e provisões. Real Erário. BR RJANRIO 7W.COD.0.056, v. 01.
[23] ANRJ. Junta do Comércio. Fábricas. Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação. BR RJANRIO 7X, cx. 424, pct. 02.
[24] ANRJ. Alvarás citando três secretarias de Estado, estabelecimento, soldos e gratificações para soldados, oficiais do exército impondo novas condições à Real Companhia de estabelecimento para as fiações de seda. Diversos códices – SDH. Códice 796, v. 2.
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Conjunto documental: Registro de provisões, alvarás, leis, portarias e cartas régias da Relação do Brasil
Notação: BR RJANRIO 83.COD.0.541, v.01
Datas limite: 1527-1691
Código do fundo: 83
Título do fundo: Relação da Bahia
Ementa: Regimento aos provedores das capitanias do Brasil. Neste, a provisão 24 define que haverá, nas alfândegas de capitanias, dois tipos de selos: um identificando todo pano de cor e de linho sujeitos a impostos; e outro para itens semelhantes, que são isentos. A provisão 25 identifica que sedas, lãs e linho encontrados sem qualquer um dos selos serão expropriados e vendidos, com 2/3 do lucro se dirigindo ao rendimento da alfândega, e 1/3 para aquele que fizer a descoberta.
Local: Almeirim, Portugal.
Data: 17 de dezembro de 1548
Fls.: 68 a 81v.Conjunto documental: Registro de provisões, alvarás, leis, portarias e cartas régias da Relação do Brasil
Notação: BR RJANRIO 83.COD.0.542, v.01
Datas limite: 1527-1691
Código do fundo: 83
Título do fundo: Relação da Bahia
Ementa: Provisão régia em que se estipula preços máximos para o aluguel de diferentes tipos e tamanhos de pano, visando coibir preços excessivos. Define-se, também, penas e multas para o infringimento da lei, tanto por quem vende, quanto por quem compra.
Local: Lisboa
Data: Escrito em 9 de maio; publicado em 17 de junho de 1603
Fls.: 142 a 143v.Conjunto documental: Carta régias, provisões, alvarás e avisos
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.952, v.37
Código do fundo: 86
Datas limite: 1753-1754
Título do fundo: Secretaria do Brasil
Ementa: relação das despesas com as fardas de 536 soldados da Procuradoria do Rio de São Pedro que se encontravam na frota do Rio de Janeiro. Redigido por Antônio de Barros, as despesas se referem a encomendas de varas de pano de linho, chapéus, pares de meias e pescocinhos.
Data: 7 de abril de 1752
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 150Conjunto documental: Carta régias, provisões, alvarás e avisos
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.952, v.37
Datas limite: 1753-1754
Título do fundo: Secretaria do Brasil
Ementa: relação das despesas com as fardas de 1662 soldados da Companhia do Rio de Janeiro. Redigido por Antônio de Barros. As despesas correspondem a encomendas de varas de panos de linho, chapéus, pescocinhos, pares de meias, serafina, varas de viagem e botões de “casa’’.
Data: 7 de abril de 1752
Local: [Rio de Janeiro]
Folhas:151Conjunto documental: Carta régias, provisões, alvarás e avisos
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.952, v.37
Datas limite: 1753-1754
Título do fundo: Secretaria do Brasil
Ementa: Relação das despesas com as fardas de 40 soldados da capitania de Goiás redigida por Antônio de Barros. As despesas são encomendas de varas de panos de linho, chapéus, pares de meias e pescocinhos, panos de lã, serafina, varas de viagem, varas de pano de linho, botões de casa e botões de vestir.
Data: 7 de abril de 1752
Local: Rio de Janeiro
Folhas:152Conjunto documental: Carta régias, provisões, alvarás e avisos
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.952, v.37
Datas limite: 1753-1754
Título do fundo: Secretaria do Brasil
Argumento de pesquisa: tecidos
Ementa: relação das despesas com as fardas de 554 soldados que guarnecem a Praça da Colônia do Sacramento encaminhada por Antônio de Barros a d. José I. As despesas são encomendas descritas como panos brancos de lã para casacas e calções, panos verdes, azuis e amarelos para canhões, serafina branca para o forro das casacas, serafina verde, azul e amarela para vestir, vara de pano de linho para as camisas, chapéus, pares de meias, botões de casaca e botões de vestir.
Data: 25 de maio de 1753
Local: Lisboa
Folhas: 155Conjunto documental: Registro de provisões, alvarás, leis, portarias e cartas régias da Relação da Bahia
Notação: BR RJANRIO 83.COD.0.542, v.02
Datas limite: 1759 – 1791
Código do fundo: 83
Título do fundo: Relação da Bahia
Ementa: Alvará Régio com medidas para impedir o estabelecimento ilegal de um entreposto de mercadorias em São Paulo de Assunção (Luanda, Angola). No porto, navios portugueses vindos das colônias da Ásia, “não só vendiam fazendas chamadas de negros, próprias para o consumo de Angola; mas também, vendo que lhes era proibida a escala pelos portos do Brasil, (...) introduziam grandes quantidades de outras fazendas da Ásia para se transportarem, como se transportavam aos referidos portos do Brasil”. É proibido, portanto, o desembarque de qualquer fazenda da Ásia, de qualquer tipo, ou a prática de comércio de tais fazendas nos referidos portos. Reafirma que é indispensável que tais produtos sejam, primeiramente, levados a Portugal para que seja realizada a devida regulação de qualidade e valor, considerando o comércio paralelo como nocivo para o bem do reino.
Local: Lisboa.
Data: 19 de junho de 1772
Fls.: 114v - 116v.Conjunto documental: Alfândega do Rio de Janeiro
Notação: BR RJANRIO D9.CAI.0.495 pct 03
Datas limite: 1714-1807
Título do fundo: Vice-reinado
Código do fundo: D9
Ementa: Registro feito por Luís Vianna Souza Gurgel e Amaral de um decreto em que se torna proibida a importação das fitas estrangeiras de pontinhas de ponto e de salpico e as fitas de lira que forem maiores que as de número 50, dessa forma, as únicas fitas autorizadas eram as batidas e as que se destinavam ao uso dos hábitos militares. Se após quatro meses da implementação desse decreto, as fitas proibidas ainda estivessem em circulação, aqueles que fossem flagrados seriam julgados como contrabandistas e teriam as penas aplicadas em conformidade com a lei.
Data: 14 de junho de 1787
Local: Rio de Janeiro
Fls.: -Conjunto documental: Alvarás citando três secretarias de estado, estabelecimento, soldos e gratificações para soldados, oficiais do exército impondo novas condições à Real Companhia de estabelecimento para as fiações de seda.
Notação: BR RJANRIO NP.COD.0.796, v.02
Datas limite: 1736-1822
Título do fundo: Diversos códices- SDH
Código de fundo: NP
Ementa: cópia manuscrita de um ofício de José de Seabra da Silva ao marquês Mordomo Mor informando sobre a determinação da rainha para que todos os oficiais da Secretaria de Estado usassem um uniforme próprio, do qual constasse “casaca”, “calção vermelho” e “vestia azul”, sendo os “canhões da casaca” também de cor azul, e todos bordados em forma de risco. Destaca também que a casaca deve conter bordados de ouro e a “vestia e os canhões da casaca”, bordados de prata. Para que eles possam ter um exemplo para facilitar a execução dos bordados, informa que será enviado algumas cópias de risco.
Data: 19 de janeiro de 1795
Local: Palácio de Queluz, Portugal
Fl.: 21Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: BR BR ANRIO 59CAI.0.0692024
Datas limite: 1795
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Ementa: consulta da Real Junta do Comércio sobre a entrada de oitenta fardos de fazenda de Bengala, via Inglaterra, que pretende fazer Luis Stephens e despacho da rainha que contraria o parecer da Real Junta, favorável ao suplicante.
Data: 30 de agosto de 1795
Local: Queluz, Portugal
Fls: 1- 3v.Conjunto documental: Registro da correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.70, v.18
Datas limite: 1797-1808
Código do fundo: 86
Título do fundo: Secretaria do Estado do Brasil
Ementa: Carta do conde de Rezende para todos aqueles que receberam sementes de linho cânhamo para o plantio, na qual questiona quais medidas foram tomadas para garantir o êxito de seu cultivo.
Local: Rio de Janeiro
Data: 31 de agosto de 1797
Fls.:73vConjunto documental: Registro da Correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.70, v.18
Datas limite: 1797-1808
Código do fundo: 86
Título do fundo: Secretaria do Estado do Brasil
Ementa: correspondência do vice-rei, conde de Rezende ao coronel governador de Santa Catarina, João Alberto de Miranda, sobre a importância que o plantio do linho cânhamo teria para os negócios da Coroa e para qualquer um que investisse em seu comércio e produção. Lamenta o insucesso em seu cultivo, assinalando que diversas medidas, incluindo o plantio em diferentes estações do ano, se provaram malsucedidas. Solicita, ainda, uma remessa de boas sementes para o cultivo, uma vez que as sementes provenientes de Santa Catarina parecem ser de melhor qualidade.
Local: Rio de Janeiro
Data: 28 de setembro de 1797
Fls.: 83v, 84, 84v.Conjunto documental: Registro da Correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.70, v.18
Datas limite: 1797-1808
Código do fundo: 86
Título do fundo: Secretaria do Estado do Brasil
Ementa: documento intitulado “Carta a todos os lavradores que receberam sementes do linho cânhamo”, assinada pelo vice-rei, conde de Rezende. Afirma que todos os esforços têm sido inúteis para o cultivo do linho e questiona se haveria possibilidade de outros ramos interessantes “à sua Majestade e ao Estado”, como a cochonilha, para produção em larga escala, sucedendo a experiência com o linho cânhamo.
Local: Rio de Janeiro
Data: 10 de outubro de 1797
Fl.: 88Conjunto documental: Coleção de Memórias e outros documentos sobre vários objetos
Notação: BR RJANRIO NP. COD.0.807, v.10
Datas limite: 1798-1836
Código do fundo: NP
Título do fundo: Diversos Códices – SDH.
Ementa: memória sobre o porto de São Pedro do Rio Grande, por d. Rodrigo de Souza Coutinho, conde de Linhares e ministro da Marinha e Domínios Ultramarinos. Nela, o ministro destaca a importância da colonização no Rio Grande do Sul, citando produções essenciais à metrópole como couro, sabão, linho cânhamo, lã, e possíveis engenhos de açúcar. Salienta, também, a importante posição geopolítica do Rio Grande do Sul, dada sua proximidade às colônias espanholas.
Local: Belém
Data: 12 de julho de 1798
Fls.: 4 a 8.´Conjunto documental: Coleção de Memórias e outros documentos sobre vários objetos
Notação: BR RJANRIO NP. COD.0.807, v.10.
Datas limite: 1798-1836.
Código do fundo: NP.
Título do fundo: Diversos Códices – SDH.
Ementa: Memória político-econômica sobre o comércio ativo da capitania de Goiás. Explora o potencial da capitania para a atividade econômica, como a cultura do algodão, que cresce naturalmente na região e cujo custeio é menor que em outras capitanias, como a do Pará. Outra vantagem estaria na facilidade dos canais de exportação. Sugere, ainda, algumas providências para garantir a prosperidade da capitania.
Local: Vila Boa de Goiás.
Data: --
Fls.: 15 a 15vConjunto documental: Registro da Correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.70, v.18
Datas limite: 1797-1808
Título do fundo: Secretaria do Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Ementa: correspondência do vice-rei conde de Rezende ao governador da capitania de Santa Catarina, João Alberto de Miranda. Afirmando que, não estando comprovadas as utilidades do linho galego para a Marinha Real ou a impropriedade das terras de sua capitania para o cultivo do linho cânhamo, o plantio deste último ainda é de maior importância e seu cultivo novamente deve ser incentivado.
Local: Rio de Janeiro
Data: setembro, 1798.
Fls.: 108v, 109, 109v, 110.Conjunto documental: Registro da Correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.70, v.18
Datas limite: 1797-1808
Código do fundo: 86
Título do fundo: Secretaria do Estado do Brasil
Ementa: correspondência do conde de Rezende para o desembargador superintendente geral Manoel Pinto da Cunha e Souza. Reforçando a importância da cultura do linho cânhamo para o rei, a Marinha Real, e todos aqueles que participarem de sua produção, volta a incentivar que se distribua e cultive as recém-chegadas sementes de linho cânhamo em sua capitania. Salienta que, como é costume no Rio Grande, a época ideal para a plantação é em fins de setembro.
Local: Rio de Janeiro
Data: 18 de setembro de 1798.
Fls.: 180v, 181, 181v.Conjunto documental: Registro da Correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.70, v.18
Datas limite: 1797-1808
Código do fundo: 86
Título do fundo: Secretaria do Estado do Brasil
Ementa: Correspondência do vice-rei conde de Rezende para o coronel de distrito Manoel Martins do Couto Reys. Com o sucesso do plantio do linho cânhamo em distritos próximos, o conde de Rezende solicita a Couto Reys que distribua as sementes aos lavradores de melhor conceito, a fim de ver seu projeto realizado o quanto antes.
Local: Rio de Janeiro
Data: 20 de setembro de 1798.
Fls.: 114, 114v.Conjunto documental: Registro da Correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: BR RJANRIO 86.COD.0.70, v.18
Datas Limite: 1797-1808
Código do fundo: 86
Título do fundo: Secretaria do Estado do Brasil
Ementa: Correspondência do vice-rei conde de Rezende a todos os coronéis de distrito, reafirmando a importância da cultura do linho cânhamo para a prosperidade de Sua Majestade e sua utilidade para a Marinha Real, exigindo que nova tentativa de seu cultivo seja realizada pelos coronéis, repassando novas sementes aos agricultores de sua maior estima.
Local: Rio de Janeiro
Data: 24 de setembro de 1798.
Fls.: 115, 115v.Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: BR RJANRIO 59.CAI.0.0679008
Datas limite: 1770-1819
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: representação sobre o desenvolvimento das manufaturas das lãs do Alentejo. Devido aos baixos preços alcançados pelas lãs da região, são apresentadas algumas propostas para revitalizar as manufaturas: 1. a proibição da exportação das lãs do reino; 2. incentivando a compras das lãs pelas fábricas, com recursos obtidos por meio de sociedades de "ricos negociantes com hábeis fabricantes" e mesmo com investimento da Fazenda Real para a aquisição de panos para a tropa; 3. Adquirindo na Inglaterra máquinas de fiar ou tecer lãs que ainda não houvesse no reino; 4. promovendo a fábrica de estofos de lã que tinham grande consumo e 5º "dignando-se S.A.R o Príncipe Nosso Senhor não trazer outra qualidade de panos que não sejam das fábricas do reino, nem outra qualidade de manufaturas de seda, que não sejam das fábricas do reino”. Na folha seguinte sob o título “panos e selezias fabricados nas fábricas do reino” encontram-se uma série de amostras de tecidos de Covilhã, Portalegre e Cascais.
Local: s.l
Data: [1801-1803]
Fls.: 1 e 2Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: BR RJ ANRIO 59.CAI.0.679041
Datas limite: 1803
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: Representação de Diego Inácio de Pina Manique referente ao requerimento sobre a fabricação de lã e linho, fazendas fabricadas em Portugal e importadas, e suas respectivas amostras.
Data: 15 de fevereiro de 1803
Local: Lisboa
Fls.: 01 a 05Conjunto documental: Ministério da Fazenda – 2a Contadoria Geral
Notação: BR RJANRIO OI.CAI 5F-450
Datas limite: 1810-1819
Código do fundo: OI
Título do fundo: Diversos GIFI
Ementa: relatório da Real Feitoria do Linho Cânhamo, informando que não há terrenos férteis naturalmente adequados à colheita do linho, com necessidade urgente de se encontrar novo terreno. Explica que as altas despesas do terreno e clima incompatível tornam a cultura inviável. Indica também as qualidades indispensáveis, necessárias à ordem econômica e prosperidade da cultura do linho em futuro terreno.
Local: Porto Alegre.
Data: 2 de abril de 1803.
Fls.: 81 a 84.Conjunto documental: Ministério da Fazenda – 2a Contadoria Geral
Notação: BR RJANRIO OI.CAI 5F-450
Datas limite: 1810-1819
Código do fundo: OI
Título do fundo: Diversos GIFI
Ementa: correspondência da Junta da Real Fazenda da capitania do Rio Grande de São Pedro ao presidente do Real Erário, informando-o do atraso na cultura do linho cânhamo e o encarregando de tomar todas as providências para garantir o seu progresso.
Local: Lisboa
Data: 7 de maio de 1803.
Fls.: 96-96v.Conjunto documental: Ministério da Fazenda – 2a Contadoria Geral
Notação: BR RJANRIO OI.CAI 5F-450
Datas limite: 1810-1819
Código do fundo: OI
Título do fundo: Diversos GIFI
Ementa: Correspondência do Infante Almirante General, Francisco José de Freitas a Paulo José da Silva Gama, governador da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, pedindo a mudança da cultura do linho cânhamo para novo terreno mais bem situado, preferencialmente pertencente à Coroa, e mais adequado para seu cultivo.
Local: Rio de Janeiro
Data: 17 de fevereiro de 1809.
Fl.: 150.Conjunto documental: Ministério da Fazenda – 2a Contadoria Geral
Notação: BR RJANRIO OI.CAI 5F-450
Datas limite: 1810-1819
Código do fundo: OI
Título do fundo: Diversos GIFI
Ementa: Carta da Junta da Fazenda da Capitania do Rio Grande de São Pedro ao presidente do Real Erário, referente à recomendação da compra do linho cânhamo através dos lucros da venda de Papel Selado. Alerta que não tem sido possível comprar o linho pois os lavradores não têm sido pagos.
Local: Porto Alegre.
Data: 9 de julho de 1806.
Fls.: 61 a 61v.Conjunto documental: Bahia. Ministério do Reino. Correspondência do presidente da província.
Notação: BR RJANRIO AA CAI IJJ9 319
Datas limite: 1807-1810
Título do fundo: Série Interior- Negócios de províncias e Estados
Código de fundo: AA
Ementa: “Mapa de importação que fez Portugal, feitorias da Costa da África e portos do Brasil sobre a Bahia em todo o ano de 1806”. Divide-se nas colunas “mercadorias gerais da Europa”, “mercadorias próprias de Portugal”, “mercadorias das fábricas privilegiadas”, mercadorias de Ásia e das feitorias de África e América, essas últimas divididas entre a "Costa da Mina" e o "Rio Grande do Sul e da Prata". As colunas se subdividem em gêneros, quantidades e importâncias. Entre os itens europeus que se destacam, estão as “baetas”, “cambaias”, meias de seda e de algodão, “chita”. Já as mercadorias de Portugal incluem cobertores, meias de linha, panos e “tafetás”. Em relação às fábricas, há os produtos “baetilha”, “chitas”, “lenços”, “sedas” e “tafetás” e para a Ásia contêm os gêneros, “chitas de Damão”, “lenços” e “panos”. Das feitorias de África e América vieram “escravos, panos e ouro”.
Data: 1810
Local: -
Folhas: -Conjunto documental: Ministério da Fazenda – 2a Contadoria Geral
Notação: BR RJANRIO OI.CAI 5F-450
Datas limite: 1810-1819
Código do fundo: OI
Título do fundo: Diversos GIFI
Ementa: Mapa do rendimento da Alfândega da capitania do Rio Grande de São Pedro, incluindo rendas de pano e algodão. Inclui também as rendas de exportação de algodão entre as províncias do Rio Grande e a Ilha de Santa Catharina.
Local: Porto Alegre.
Data: 15 de maio de 1808.
Fls.: 7 a 16.Conjunto documental: Ministério da Fazenda – 2a Contadoria Geral
Notação: BR RJANRIO OI.CAI 5F-450
Datas limite: 1810-1819
Código do fundo: OI
Título do fundo: Diversos GIFI
Ementa: Parecer da Junta da Real Fazenda da capitania do Rio Grande de São Pedro, no qual é assinalada a necessidade de mudança do cultivo do linho cânhamo para local mais apropriado, sendo um negócio pouco lucrativo sem um terreno frutífero a sua cultura e que desse modo “aniquilarão as forças da escravatura”. Pede-se também o estabelecimento de um preço mínimo de venda 3 mil reis por arroba do linho, como uma das formas de tornar seu cultivo mais atraente para os lavradores.
Local: Porto Alegre.
Data: 23 de julho de 1808.
Fls.: 79 a 80.Conjunto documental: Ministério da Fazenda – 2a Contadoria Geral
Notação: BR RJANRIO OI.CAI 5F-450
Datas limite: 1810-1819
Código do fundo: OI
Título do fundo: Diversos GIFI
Ementa: Rendimento da Feitoria do Linho Cânhamo, incluindo remessas de algodão, linho e estopa, pertinentes ao ano de 1807.
Local: Porto Alegre.
Data: 12 de agosto de 1808.
Fls.: 85 a 88.Conjunto documental: Bahia. Ministério do Reino. Correspondência do presidente da província.
Notação: BR RJANRIO AA IJJ9 319
Datas limite: 1807-1810
Título do fundo: Série Interior- Negócios de províncias e Estados
Código de fundo: AA
Ementa: Mapa de exportação dos produtos da capitania da Bahia para Portugal e outros portos, entre eles, Inglaterra, Angola, Goa, Costa da Mina e Ilha da Madeira durante o ano de 1809. Entre os produtos de exportação, destacam-se, algodão, couros, solas, sebos, tabacos, vinhos.
Data: 1809
Local: [Bahia]
Fl.: s.nConjunto documental: Ministério da Marinha e Domínios Ultramarinos
Notação: BR RJANRIO OI.CAI 4J-75
Datas limite: 1789-1832
Código do fundo: OI
Título do fundo: Diversos GIFI
Ementa: relação das provisões das fábricas estabelecidas no Rio de Janeiro, identificando os gêneros produzidos, seus donos e localização. Entre as fábricas listadas, incluem-se fábricas de tecido, principalmente as de algodão e seda, mas abrange também de lã e fiado.
Local: Rio de Janeiro
Data: 28 de junho de 1810.
Fls.: s.nConjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: BR RJANRIO 59.CAI.0.0631036/f22
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: cópia do aviso encaminhada pelo secretário da Regência, d. Miguel Pereira Forjaz, ao visconde de Balsemão, com as diretrizes para o cumprimento do tratado entre Portugal e a Coroa britânica que trata dos direitos alfandegários que serão pagos sobre os lanifícios, as fazendas de algodão fabricadas na Inglaterra e o bacalhau vindo em navios de propriedade inglesa na sua entrada nos portos "destes reinos". O príncipe regente ordena que não se espere a resolução da quantia fixa que se pagará no futuro, aplicando-se de imediato quinze por cento do seu valor, dando-se aos proprietários uma fiança no valor da diferença do que pagavam anteriormente.
Data: 7 de setembro de 1810.
Local: Palácio do Governo.
Fl.: 22Conjunto documental: Junta do comércio, comerciantes
Notação: BR RJANRIO 7X.CAI 380, pct 02
Datas limite: 1819-1849
Título do fundo: Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação
Código de fundo: 7X
Ementa: Atestado de Nunes Silva e companhia, criadores da Fábrica de Estamparia do Catete, informando sobre a venda que fizeram ao diplomata e comerciante sueco Lourenço Westin de mil quatrocentos e noventa e dois “côvados de chita” e dois “cortes de saiões” estampadas na própria fábrica.
Data: 22 de novembro de 1811
Local: Rio de Janeiro
Folhas:-Conjunto documental: Junta do comércio, comerciantes
Notação: BR RJANRIO 7X.CAI 380, pct 02
Datas limite: 1819-1849
Título do fundo: Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação
Código de fundo: 7X
Ementa: Provisão do príncipe regente isentando do pagamento de direitos de saída, e de entrada dos tecidos adquiridos por Lourenço Westin à Fábrica de Estamparia do Catete e que seriam remetidos ao Rio Grande de São Pedro do Sul.
Data: 22 de novembro de 1811
Local: Rio de Janeiro
Folhas:-Conjunto documental: Junta do comércio. Fábricas
Notação: BR RJANRIO 7X CAI 427, pct. 01
Datas limite: 1811-1840
Título do fundo: Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação
Código de fundo: 7X
Ementa: relação de utensílios e teares de meias que vieram de Lisboa para o Rio de Janeiro pertencentes a fábrica de Domingos Gomes Loureiro, na rua do Valongo. Entre os utensílios, destacam-se caixas com um tear de calibre, caixa com tear novo desarmado, banco e roda.
Data: 15 de fevereiro de 1812
Local: Rio de Janeiro
Fl.: -Conjunto documental: Junta do Comércio. Fábricas
Notação: Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação
Datas limite: 1811-1840
Título do fundo: BR RJANRIO 7X CAI 427, pct. 01
Código de fundo: 7X
Ementa: Provisão da Real Junta aos fabricantes de teares de meias, tecidos e afiação. Informa que por Loureiros & Pietra terem estabelecido na rua do Valongo uma fábrica de meias de algodão e esperando de Lisboa máquinas que possam ajudar em seu restabelecimento, estes pedem que a Real Junta do Comércio lhes conceda a entrada livre de direitos na capital (RJ) do que vier de Lisboa ou de outra parte para a referida manufatura e matérias primas de acordo com o Alvará de 1809.
Data: 26 de fevereiro de 1813
Local: Rio de Janeiro
Folhas: s.nConjunto documental: Ministério do Reino. Maranhão. Correspondência do presidente da província
Notação: BR RJANRIO AA IJJ9 CAI 129
Datas limite: 1788-1816
Código do fundo: AA
Título do fundo: Série Interior
Ementa: Mapa de Importação e de exportação da província do Maranhão para o ano de 1812, demonstrando valores do comércio com os domínios portugueses e estrangeiros. Indica importação de gêneros de seda, linho, lã e algodão para a província, e a exportação de algodão
Local: São Luís
Data: [1813]
Fl.: 127.Conjunto documental: Ministério do Reino. Maranhão. Correspondência do presidente da província
Notação: BR RJANRIO AA IJJ9 CAI 129
Datas limite: 1788-1816
Código do fundo: AA
Título do fundo: Série Interior
Ementa: Mapa de importação e de exportação da província do Maranhão para o ano de 1812, demonstrando valores do comércio com os domínios portugueses e estrangeiros. Indica importação de gêneros de seda, linho, lã e algodão para a província, e a exportação de algodão
Local: São Luís
Data: [1813]
Fls.: 127.
Conjunto documental: Ministério do Reino. Maranhão. Correspondência do presidente da província.
Notação: BR RJANRIO AA IJJ9 129
Datas limite: 1788-1816
Código do fundo: AA
Título do fundo: Série Interior
Ementa: Mapa de importação e de exportação da província do Maranhão para o ano de 1813, demonstrando valores do comércio com os domínios portugueses e estrangeiros. Indica importação de gêneros de seda, linho, lã e algodão para a província, e a exportação de algodão
Local: São Luís
Data: [1814]
Fl.: 251.Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: BR.RJ.ANRIO.59.CAI.0.0671083
Datas limite: 1816
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: Informação dos governadores do Reino sobre consulta da Real Junta do Comércio referente ao requerimento de Jacques Luiz Pouchet, pedindo para ser conservado no arrendamento de prédio em que estabelecera a sua Fábrica de Estamparia. O novo senhorio, o Abade de Rocca, não concorda com a ação, mas a Real Junta de Comércio considera a pretensão do suplicante digna de atenção, já que a fábrica havia sido estabelecida nas terras antes da venda. O governo decide que a venda será avaliada por peritos de cinco em cinco anos, enquanto o suplicante permanecer na fábrica
Data: 23 de março de 1816
Local: Lisboa
Fls.: s.nConjunto documental: Resumo da balança geral do comércio do reino de Portugal com o Brasil, domínios e nações estrangeiras
Notação: BR RJANRIO 59.COD 731, vol. 1
Datas limite: 1816-1816
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: Tabela de exportações das fábricas do Reino para diferentes capitanias do Brasil, indicando valores locais e totais para a exportação de algodão, lã, linho e sedas, relativos ao ano de 1816
Local: Rio de Janeiro
Data: 1816
Fls: 14v e 15.Conjunto documental: Resumo da balança geral do comércio do reino de Portugal com o Brasil, domínios e nações estrangeiras
Notação: BR RJANRIO 59.COD 731, vol. 01
Datas limite: 1816-1816
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: Tabela demonstrativa do valor total de mercadorias exportadas para nações amigas, indicando a venda de tecidos de algodão e sedas para reinos como Inglaterra, Castela e França.
Local: Rio de Janeiro.
Data: 1816.
Fls: 29v.Conjunto documental: Antônio Martins da Fonseca Castelhões
Notação: BR RJANRIO ZN_9208caixa 892, proc.9208
Datas limite: 1811-1831
Título do fundo: Juízo de Órfãos e Ausentes
Código de fundo: ZN
Ementa: Avaliação que José Antônio de Jesus e Araújo e Simplício da Silva Nepomuceno, comerciantes do varejo e matriculados na Junta do Comércio na Corte, realizaram na loja de Antônio Martins da Fonseca Castelhões em que tinha como sócio, Bernardo José de Azevedo. No inventário, tendo como principal unidade de medida o côvado, mas também os cortes, jardas, varas e dúzias, são listados: “panos”, “casimiras”, “Baetão e Baeta”, “meias para calça”, “veludo”, “tarjas”, “cetim”, “meias de seda”, “lenços de seda”, ‘mantas”, “suspensórios”, “fustão”, “belbutinas”, “gangas”, “riscados”, “cambraias”, “chales”, “vestidos”, “luvas”, “botões”, fitas”, “chapéus”, “rendas”, “leque”, “véus”, “toucados”, “chita”, “paninhos” entre outros. Além de indicar cores, qualidade, uso de alguns tecidos, informa que importavam na quantia de nove contos, quatrocentos e treze mil, duzentas e oitenta e cinco réis
Data: 8 de julho de 1817
Local: Rio de janeiro
Folhas: 235-243vConjunto documental: Consultas do Conselho da Fazenda de Lisboa
Notação: BR RJANRIO 59.COD 253, vol. 03
Datas limite: 1816-1818
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Ementa: representação de Simão Bernardo Balmaceda, proprietário de fábrica de tecidos de seda e algodão no Porto, ao tribunal da Real Junta do Comércio. Denuncia o que qualifica como “atos de violência” contra proprietários, mestres e feitores de fábricas, que se veem sujeitos a pagarem tarifas ou terem manufaturas apreendidas, ferindo o alvará de 28 de abril de 1809, os isenta do pagamento de direitos do consumo no reino e na exportação para territórios da Coroa. O tribunal determina que sejam cumpridas as determinações do alvará, almejando conservar a indústria nacional e manter a competitividade com os comerciantes estrangeiros
Local: Rio de Janeiro
Data: 28 de julho de 1817
Fls.: 17v a 19.Conjunto documental: Consultas do Conselho da Fazenda de Lisboa
Notação: BR RJANRIO 59.COD 253, vol. 03
Datas limite: 1816-1818
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: registro da representação do desembargador administrador-geral da Alfândega de Lisboa a respeito de lãs vindas por terra, destinadas a países estrangeiros, questionando se devem pagar os direitos que estavam em prática antes da publicação do Alvará de 24 de maio de 1812 ou somente pagar os direitos de exportação dos portos secos. O despacho de d. João VI atribui a decisão ao desembargador procurador da Fazenda
Local: Rio de Janeiro
Data: 30 de março de 1818
Fls: 104v a 105.Conjunto documental: Registros, decretos, avisos e provisões
Notação: BR RJANRIO 7W.COD 50, vol. 1
Datas Limite: 1813-1818
Código do fundo: 7W
Título do fundo: Real Erário
Ementa: Provisão de Thomas Antonio de Villanova Portugal, secretário de Estado dos Negócios do Reino, para que se pague a Francisco Nunes pelas 1500 folhas de linho vendidas à Junta da Administração dos Provimentos das Munições de Boca, destinadas ao exército português
Local: Rio de Janeiro
Data: 9 de julho de 1818
Fls: 227vConjunto documental: Real Erário. Decretos, avisos e provisões
Notação: BR RJANRIO 7W.COD.0.056, v.01
Datas limite: 1818-1820
Código do fundo: 7W
Título do fundo: Real Erário
Ementa: Lista de condições impostas ao novo administrador-geral da Urzela das ilhas de Cabo Verde; estipulando sua compra, condicionamento, cultivo e venda
Local: Rio de Janeiro
Data: 18 de setembro de 1818
Fls.: 6v, 7.Conjunto documental: Resumo do balanço geral do comércio do reino de Portugal, com o Brasil domínios e nações estrangeiras
Notação: BR RJANRIO 59.COD 731, vol. 3
Datas limite: 1818-1818
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: Dados detalhados de exportação e importação entre o Rio de Janeiro e diferentes portos. Demonstrando, por exemplo, o valor de algodão, lanifícios, sedas, e outros produtos como ouro, prata, obras de marfim e vinho enviados de Lisboa no ano de 1818. Partes posteriores apresentam dados detalhados de importação e exportação de outras capitanias, incluindo valores totais e gerais do comércio entre Portugal e seus domínios
Local: --
Data: 1819
Fls.: 3 a 7.Conjunto documental: Resumo do balanço geral do comércio do reino de Portugal, com o Brasil domínios e nações estrangeiras
Notação: BR RJANRIO 59.COD 731, vol. 3
Datas limite: 1818-1818
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: Tabela de produção das fábricas do Reino contendo o valor total do algodão, linho, lã e sedas exportadas de Portugal para o Brasil (incluindo diferencial entre cada capitania), Ásia, África e outros domínios no ano de 1818. Partes anteriores incluem dados detalhados do comércio com diferentes capitanias, como dados de exportação, importação, e produção das fábricas do reino
Local: --
Data: 1819
Fls.: 52v e 53.Conjunto documental: Avisos e portarias do governo do Brasil para várias autoridades de Portugal
Notação: BR RJANRIO 59.COD 251, vol. 11
Datas limite: 1819-1820
Título do fundo: Negócios de Portugal
Ementa: Correspondência de Thomás Antônio Villanova Portugal, ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino do Brasil, ao cardeal patriarca de Lisboa, d. Carlos I, em auxílio a José Ferreira Pinto Bastos um contratador de tabaco e saboaria que tinha intenção de restabelecer a Fábrica de Tecidos da Vila de Alcobaça.
Data: 5 de janeiro de 1820
Local: Palácio do Rio de Janeiro
Folhas: 56vConjunto documental: Real Erário. Decretos, avisos e provisões
Notação: BR RJANRIO 7W.COD.0.056, v.01
Datas limite: 1818-1820
Código do fundo: 7W
Título do fundo: Real Erário
Ementa: Provisão com cópia de uma relação destinada ao administrador do Real Erário, informando a relação de artigos para consumo da Real Mantearia; justifica-se que os artigos foram fabricados em linho e não em algodão em função da pouca durabilidade deste
Local: Rio de Janeiro
Data: 26 de abril de 1820
Fls.: 98v, 99Conjunto documental: Junta do Comércio. Fábricas
Notação: BR RJANRIO 7X.CAI 424, pct. 02
Data-limite: 1813-1824
Título do fundo ou coleção: Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação
Código do fundo: 7X
Argumento de pesquisa: fábricas
Ementa: inventário da Fábrica de Fiação de Tecidos de Algodão e de Malhas estabelecida na Lagoa Rodrigo de Freitas datado de dezenove de maio de mil oitocentos e vinte e um, feito por ordem do inspetor da fábrica, o conselheiro Leonardo Pinheiro de Vasconcelos, para que se soubesse as despesas que a fábrica teve desde a sua compra. Estão relacionadas no inventário: a casa em que a fábrica foi construída, além de outras benfeitorias, como uma casa que estava sendo construída para alocar os teares, três casas de esteio e pau-a-pique, uma alegoria coberta de telhas, com acomodações para seis bois, e uma pequena casa coberta de telhas, que servia para recolher galinhas. As despesas tidas com as madeiras usadas na construção das benfeitorias estavam avaliadas em 16.932$456. Os utensílios construídos na fábrica, como teares de fundição, engenhos para fazer agulha, entre outros, foram avaliados, contando o custo das especiarias compradas e da mão-de-obra empregada, em 83$160. O inventário inclui ainda os termos de juramentos assinados pelo mestre de fiação e de tecidos João Moreira e José Lopes, declarando tudo o que havia na Real Fábrica e que estava aos seus cuidados, como: setenta e seis arrobas e seis arreteis de algodão, avaliados em 494.$323, um tear de toalhas largas de 40.$000, e vinte e quatro toalhas grandes, no total de 43$304
Data do documento: 24 de setembro de 1821
Local: Rio de Janeiro
Folha(s): -Conjunto documental: Alvarás citando três secretarias de estado, estabelecimento, soldos e gratificações para soldados, oficiais do exército impondo novas condições à Real Companhia de estabelecimento para as fiações de seda
Notação: BR RJANRIO NP.COD.0.796, vol. 2
Datas limite: 1736-1822
Título do fundo: Diversos códices - SDH
Código de fundo: NP
Ementa: Carta de lei (impressa), por José Ignácio da Costa, ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino do Brasil. Estabelece a determinação do rei d. João VI de que seja executado o decreto das Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação portuguesa pelo qual os cobertores e mantas de lã provenientes da Espanha, paguem um acréscimo nas alfândegas
Data: 10 de outubro de 1821
Local: Palácio de Queluz, Portugal
Fl.: 112 -
Tecidos de Calcutá
Consulta da Real Junta do Comércio sobre a entrada de oitenta fardos de fazenda de Bengala, via Inglaterra, que pretende fazer Luis Stephens e despacho da rainha que contraria o parecer da Real Junta, favorável ao suplicante
Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: BR BR ANRIO 59CAI.0.0692024
Datas limite: 1795
Código do fundo: 59
Título do fundo: Negócios de Portugal
Local: Queluz, Portugal
Data: 30 de agosto de 1795
Fls: 1- 3v.
Leia esse documento na íntegra
Despacho marginal esquerda
Estando persuadida da circunspeção e justiça com que a Junta dirigiu os seus sentimentos sobre esta [ilegível] pendência a Minha real Presença: Resolvo contudo deferir ao suplicante com a mercê que suplicava mandando expedir as competentes ordens, por ocorrerem circunstâncias, que assim se pediam, de que a Junta não teve conhecimento. O que me pareceu participar-lhe para sua inteligência. Queluz, 30 de agosto de 1795Foi Vossa Majestade servida de ordenar por aviso do marquês Mordomo Mor, presidente deste tribunal, que vendo-se nele o requerimento de Luís Stephens [1] se lhe consulte com efeito o que parecer sobre a matéria de que trata
Expõe o recorrente que tendo mandado vir de Calcutá [2] em direitura para esta cidade trezentos fardos de Baftas, [3] e [Er metis [*] pelo navio Bom Sucesso, não se podendo verificar essa remessa em razão do dito navio não ter lugar para os receber e acomodar, lhe vieram agora remetidos por via de Londres, no navio Betsis oitenta e três dos mesmos fardos com mil setecentos e setenta peças, resto dos trezentos que se renderam no dito porto com o destino de se baldearem para fora do reino: e como o suplicante reconhece a grande consternação em que se acham presentemente as Fábricas de Estamparia [4] eretas nesta capital pela falta que experimentam das sobreditas fazendas, próprias para a sua laboração: suplica a Vossa Majestade que seja servida de lhe conceder licença para as descarregar, e conduzir à Casa da Índia [5] a fim de se venderem em leilão para o consumo do Reino, ou por baldeação, pagando os competentes Direitos, como se estivessem vindo em direitura dos portos da Ásia, obrigando-se o suplicante a exportar para fora do Reino, logo que cheguem as naus que se esperam da expedição de Bengala tantas fazendas quantas corresponderem ao valor dos sobreditos oitenta e três fardos, dirigindo-se por este modo a sua pretensão a socorrer a presente necessidade das Fábricas a beneficiar os negociantes da Índia [6] com a compra a que se propõem no tempo da abundância, e a aumentar o rendimento dos direitos de Vossa Majestade na entrada e saída das mencionadas fazendas.
A pretensão do suplicante, na parte em que se dirige a introduzir neste Reino os setenta e três fardos, de que faz menção no seu requerimento é idêntica e da mesma natureza de outras muitas representações que já tem feito a Vossa Majestade e alguns negociantes e Fabricantes, que igualmente impetraram a sua Real permissão para mandarem vir de Inglaterra [7] as Fazendas brancas que fossem necessárias para a laboração das Fábricas do Reino; e subindo esta matéria por Consulta à Real Presença de Vossa Majestade em dez de março próximo passado, depois de se combinar, e considerar que as utilidades que resultam da introdução do algodão fiado são de tanta evidência e notoriedade, como as desvantagens da introdução dos panos das fábricas estrangeiras, foi do parecer deste Tribunal que todos os Requerimentos que se dirigissem a pedir licença à Vossa Majestade para introduzir os panos de algodão de fora com o pretexto de sustentar as Fábricas de Estamparia, não merecerão ser atendidos, nem deferidos por Vossa Majestade, como contrários à Indústria Nacional, e muito particularmente ao importante estabelecimento das Tecelagens em que necessariamente devem-se empregar muitos milhares de vassalos, vindo a ficar no Reino os incalculáveis lucros, que nenhuma comparação pode ter com os que resultam a alguns particulares da única operação de estampas os panos das Fábricas estrangeiras: entendendo portanto o mesmo Tribunal, que para ocorrer a atual necessidade das ditas Fábricas era bastante providência permitir Vossa Majestade tão somente a introdução do algodão fiado nos países estrangeiros, livre de direitos por todo o corrente ano.
Com esse parecer foi Vossa Majestade servida de se conformar; Ordenando, que assim que se executasse pela Real Resolução de cinco de abril próximo passado; e logo em sua observância mandou o Tribunal afixar editais públicos para constar a todos essa Real Providência e expedir as ordens necessárias ao Administrador Geral da Alfândega para a executar pela parte que lhe pertencia.
Achando-se pois, nesta conformidade justissimamente providenciada, e deferida, tanto a falta que experimentavam as Fábricas de Estamparia como a pretensão dos negociantes e fabricantes, sobre a introdução dos panos de algodão de fora, vem por consequência a incluir-se nessa generalidade a proposta, que agora faz o suplicante, a qual, sendo em tudo idêntica, não se reveste de circunstância alguma atendível para fazer alterar as providências, que a semelhante respeito se acham estabelecidas; antes pelo contrário se reconhece menos exata e verdadeira a sua pretensão enquanto alega que os fardos vieram carregados de Bengala por sua própria conta, visto que todos os gêneros, que ali se carregam, são exclusivamente privativos da Companhia das Índias. [8]
Além dessas razões de interesse particular e público, que já foram presentes a Vossa Majestade, acrescem de novo os fundamentos seguintes. Primeiro: estarem-se esperando as Fazendas, de que vem carregados da Ásia os Navios Portugueses que foram arribados à Bahia.[9] Segundo: haverem já entrado na Alfândega várias partidas de fio, mandando vir em virtude daquele indulto. Terceiro: o grave prejuízo que sofreriam os importadores, que o tem recebido, e os que esperam de o receber debaixo da boa-fé com que se encomendaram. Quarto: que seria deixar escapar; ou antes destruir, a ocasião de estabelecer a Fiação e Tecelagem do algodão quando esta falta casual de panos tem convencido de tal modo os empreendedores da utilidade de fabricá-los, que já se acham trabalhando muito mais teares do que era de esperar. E como Inglaterra nunca fez o rodeio de Lisboa [10] para baldear fazendas da Ásia nos mercados da Europa [11], cujo o comércio é tão franco como a nós, e a navegação direta mais fácil; fica evidente que a suplicante mandou vir as Fazendas de que se trata muito de propósito, na esperança de introduzi-las, afim de tirar para si os dois grandes partidos, que inculca fazer à Nação Portuguesa; quais são vender ele, só, no tempo de maior carestia e comprar e exportar no tempo da maior abundância, o que tudo recai muito em seu proveito, e não dos negociantes da Índia, a quem ele diz que pretende beneficiar.
Portanto
Parece a Real Junta que o requerimento do suplicante Luís Stephens deve ser inteiramente desatendido, ficando-lhe o regresso de reexportar, por baldeação, para onde bem lhe parecer, os oitenta e três fardos que pretendia introduzir
Vossa Majestade, contudo, mandará o que for servida.
Real Junta de Comércio [12] em onze de agosto de 1795.
Teotônio Gomes de Carvalho
Jacinto Fernandes Bandeira
Domingos Vandelli [13]
Geraldo Venceslau Braamcamp de Almeida Castelo Branco
João Roque Jorge
Jacome Ratton[*] A inferência que se faz a partir do termo “Ermetis” ou “Er metis” parte da palavra francesa métis, que pode significar mestiço, como na botânica, mas também define um “tecido misto, com trama em linho e urdidura em algodão”. Cf. Métis, adj. In: Centre National de Ressources Textuelles et Lexicales. Disponível em https://www.cnrtl.fr/definition/academie9/m%C3%A9tis
[1] STEPHENS, LUÍS. Negociante, provavelmente de origem britânica, Luís Stephens é mencionado em alguns documentos do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Arquivo do Real Erário e do Arquivo Histórico Ultramarino a frente de alguns empreendimentos: em 1786, como destinatário de Letras sacadas pelos administradores da Real Extração dos Diamantes, no Tijuco; no mesmo ano é mencionado em uma correspondência entre o provedor da Casa da Índia e Guiné ao secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Martinho de Melo e Castro que trata de desavenças entre o feitor da Mesa da Abertura da Casa da Índia, José Ferreira de Oliveira e Luís Stephens, quando este solicitava proteção da partida de chá de sua propriedade, contra a chuva. Em 1795 é o comércio de tecidos entre a Ásia e Europa que o leva a apresentar um requerimento à Real Junta de Comércio, cujo indeferimento é sugerido ao príncipe regente e consta do fundo Negócios de Portugal, do acervo do Arquivo Nacional. Ele é encontrado, ainda, sob a firma Luís Stephens & Cia em uma "Listagem dos Corretores empenhados na embarcação avaliada em 1805", uma associação de comerciantes em apólices de seguros.
[2] CALCUTÁ. A cidade, denominada originalmente como Kolkata, recuperou seu nome em 2000. A capital do estado de Bengala Ocidental cresceu sobretudo a partir da segunda metade do século XVIII, impulsionada pela presença da Companhia Britânica das Índias Orientais que iria sufocar as atividades econômicas desempenhadas no período pré-colonial, essencialmente agrícola e pesqueira. No século XVI os portugueses estiveram na região, praticando o comércio em pequenos barcos, já que o fluxo do rio Ganges se tornou raso e menos acessível aos navios construídos para a navegação marítima. No século seguinte, os portugueses seriam expulsos da região e após muitas tentativas, comerciantes ingleses conseguiram estabelecer uma ligação comercial com Bengala e Bihar, obtendo permissão, em 1634, para comerciar na província de Bengala onde estabeleceram a primeira fábrica. Em 1690, o estabelecimento de um entreposto comercial por Job Charnock, um agente da Companhia Inglesa das Índias Orientais, consolidaria Calcutá, como um assentamento daquela potência (Cf. Glimpses on the History of Calcutta 1600-1800 by Rama Deb Roy. Annales de Démographie Historique 1988. Société de Démographie Historique - E.H. E. S. S. Paris, 1989.). Em 1717, o imperador mogol Farrukh-Siyar concedeu liberdade de comércio à Companhia das Índias Orientais em troca de um pagamento anual de 3.000 rúpias; este arranjo deu um grande impulso ao crescimento de Calcutá. Muitos comerciantes indianos migraram para a cidade. Em 1706, a população de Calcutá era aproximadamente entre 10.000 e 12.000, chegando a quase 120.000 em 1752 e para 180.000 em 1821. Calcutá se tornou a capital da Índia britânica em 1772, dividindo-se em duas áreas, o setor britânico, a “cidade branca” ou, ainda, a “cidade dos palácios” e a área indiana, cujos bairros indicavam as várias castas ocupacionais de seus residentes. Entre os principais produtos comercializados pela Companhia Britânica das Índias Orientais, os tecidos ocuparam o maior percentual, aumentando, progressivamente. Assim, durante o século XVII passou-se de cerca de 5 mil peças de algodão em 1613, para 1,4 milhão em 1694. O uso do algodão na Grã-Bretanha expandiu-se, adotando aqueles panos inicialmente utilizados apenas pelas camadas populares, como chintz e musselina e, ademais, tornando-se a matéria prima para confecção de lençóis, cortinas e colchas.
[3] BAFTAS. Também chamado Bafeta. Segundo Philomena Sequeira Antony, origina-se do persa bafia, que significa “tecido”, aqui aplicado ao “tecido de algodão de cor sólida, branco ou tingido, de qualidade variável entre fina e grosseira”. (Cf. Relações intracoloniais: Goa-Bahia: 1675-1825. Brasília : FUNAG, 2013. Disponível em https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-65-relacoes_intracoloniais_goa_bahia_1675_1825_ )
[4] FÁBRICAS DE ESTAMPARIA. Surgidas na Índia e Indonésia, séculos antes da era comum, as estampas foram empregadas também pelos egípcios, que fizeram uso da técnica de estampagem com blocos de madeira. Para obtenção dos primeiros tecidos estampados os fenícios recorreram aos blocos de madeira com gravações combinados à tecelagem em fios de diferentes cores. O stencil em estamparias variadas e os bordados em cores fizeram parte da produção fenícia, enquanto a serigrafia sobre linho, encontrada em tumbas egípcias de oito mil anos, tornou-se uma especialidade na Índia (YAMANE, Laura Ayako. Estamparia têxtil. Dissertação de mestrado. ECA/USP, 2008. Disponível em https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27159/tde-20052009-132356/publico/5281852.pdf). Conforme Laura Yamane, as mais antigas estampas europeias datam de 543, mas é a partir do ano 1000 que a cidade de Veneza se tornou um porto de propagação de mercadorias entre Oriente e Ocidente, criando o gosto pelos tecidos estampados, com nítida influência oriental nos tecidos e na padronagem. No século XVIII o Novo Mundo é a influência predominante nas padronagens e a importação dos tecidos orientais é corrente. Em Portugal, face às leis suntuárias, as políticas mercantilistas e os interesses locais, chegou-se a proibir o fabrico e o uso de panos de algodão estampados, que acabaram não surtindo efeito. No século XVIII a indústria de estamparia foi um setor em crescente importância, liderando o início da industrialização e o comércio internacional, instalando-se nas grandes capitais europeias. Em Portugal, a despeito do interesse que suscitavam e do conhecimento que havia sobre o produto - "tão importante no comércio oriental e no resgate de escravos" não houve uma corrida a esse gênero de tecidos, como afirma Jorge Miguel Pedreira (Indústria e negócio; a estamparia da região de Lisboa, 1780-1880 Análise Social, vol. xxvi (112-113), 1991 (3.°-4.°), 537-559. https://www.jstor.org/stable/41010872?read-now=1#page_scan_tab_contents ). Assim, a estamparia de algodão em Portugal, surgiu, de fato, em 1755 e, sem qualquer avanço na sua mecanização até o final do XVIII, ou seja, da implantação de uma divisão do trabalho em suas diversas especialidades. Eram muitas as dificuldades na manutenção das fábricas e poucas seguiriam a imposição de possuir teares, continuando a depender dos tecidos de Bengala. Ainda assim a indústria de estamparia foi protegida da concorrência pela interdição às importações e pela proibição do estabelecimento de manufaturas no Brasil. Já ao final do reinado de d. José I, em 1777, as chitas estampadas eram exportadas para o Brasil, produzidas a partir das fazendas brancas que vinham da Ásia. Quanto à produção têxtil colonial, há um debate historiográfico sobre o alcance das medidas restritivas às manufaturas na América portuguesa, com o alvará de 1785. O sufocamento do desenvolvimento da colônia tem sido revisto, considerando-se que a execução do Alvará resultou no confisco de treze teares, concluindo-se como escreveu Douglas Cole Libby, que a produção local era marginal e que a legislação supervalorizava sua competência. Mas, ainda para esse mesmo autor, deve-se questionar as dimensões dessa indústria de âmbito doméstico, que acabaria por representar uma proto-indústria sobretudo em Minas Gerais. (LIBBY, Douglas Cole. Notas sobre a produção têxtil brasileira no final do século XVIII: novas evidências de Minas Gerais. Estudos Econômicos, São Paulo, V.27, N.1, P. 97-125, Janeiro-Abril 1997). Exemplar para o comércio do pano de algodão estampado é a chita, conhecida como "pano do povo" e que para alguns autores teria conhecido a clandestinidade: o seu uso, também na capitania de Minas Gerais, tornou-se um "ato de protesto e rebeldia contra as arbitrariedades da metrópole" (MELLÃO, Renata; IMBROISI, Renato. Que Chita Bacana. São Paulo: A Casa, 2005. Apud ROCHA, Maria Diaz e QUEIROZ, Mônica. O significado da cor na estampa do tecido popular: a chita como estudo de caso. Anais do Colóquio de Moda, 2010. Disponível em https://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202010). Com a presença da Corte no Brasil e a criação da Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação uma série de manufaturas têxteis, muitas originárias da Metrópole, solicitam sua instalação em diversas capitanias e na nova sede do Império, à exemplo das fabricas de estamparia do Andaraí e do Catete.
[5] CASA DA ÍNDIA. Entre 1506 e 1570 a Casa da Índia gerenciou todo o monopólio da Coroa sobre o comércio imperial. Desde o século XV já se fazia menção aos negócios da Índia praticados na Casa da Guiné e Índia e que posteriormente também se conheceria por Casa da Índia e Mina, ou Guiné, Índia e Mina. A expansão do comércio oriental levou à criação da Casa da Índia, a qual diz respeito o Regimento das Casas da Índia e de Casa da Mina por d. Manuel, em 1509. Entre os dirigentes do órgão, destacou-se João de Barros, um dos mais importantes humanistas portugueses do século XVI, entre os anos 1532-1567, como assinala Ângela Barreto Xavier (The Casa da Índia and the Emergence of a Science of Administration in the Portuguese Empire. Journal of Early Modern History 22 (2018) 327-347). À Casa da Índia competia a entrada, arrecadação e arrematação das fazendas vindas da Índia e outros portos da Ásia: "nela eram despachadas fazendas da Índia, manufaturadas de cores das Alfândegas de Goa, Damão e Diu, com excepção das fazendas bordadas e lençaria de cor" (ANTT. Casa da Índia. História administrativa/Biográfica/Militar, disponível em https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4687755 ). Os produtos naturais pagavam os direitos integrais estabelecidos na Casa da Índia a não ser que saíssem pela Alfândega de Goa, que os isentava de meios direitos, pagando, porém por inteiro, os do consulado, de saída e entrada. A abertura das mercadorias só era feita na presença de um oficial que as pesava e selava, de acordo com o estabelecido no Foral de 15 de outubro de 1587 e no Regimento de 2 de junho de 1703. A Casa dispunha de um provedor, cinco escrivães da Mesa Grande, um juiz da balança, um tesoureiro, um guarda-mor, um escrivão das cargas e descargas, dois feitores da Mesa de Abertura, um escrivão das Marcas, um administrador do selo, um porteiro, dois fiéis da tesouraria, um guarda do número, um meirinho do Juízo da Índia e Mina e um fiel da balança. Dispunha de dois tesoureiros: o do dinheiro e o das especiarias.
[6] ÍNDIA. Região da Ásia meridional ligada à península Indochinesa. Desde o século XII os artigos orientais, como as especiarias, já se faziam presentes no comércio português, tornando-se em pouco tempo os produtos mais lucrativos no comércio europeu. A partir de 1453, quando Constantinopla e a rota de envio desses produtos para a Europa caiu sob o domínio turco, esses produtos sofreram uma alta abrupta de preços, colocando a necessidade de se buscar um caminho alternativo que possibilitasse aos comerciantes lusos tratar diretamente com os do Oriente. Esse foi um dos principais propulsores da expansão marítima do século XV, cuja finalidade era chegar às Índias, onde se poderia obter as tão cobiçadas especiarias, além de tecidos, porcelanas, chás, marfim, entre outros produtos de luxo. Vasco da Gama chegou a Calicute, no sudoeste da Índia, em 1498. Sete anos mais tarde, foi fundado o estado da Índia, colônia portuguesa com sede do governo em Cochim. Em 1530, a capital foi transferida para Goa, de onde o governador exercia sua autoridade sob as possessões portuguesas no Oceano Índico.
[7] INGLATERRA. O Estado moderno inglês teve sua origem marcada pela disputa dinástica entre dois ramos descendentes do rei Eduardo III: os Lancaster e os York. Este episódio, que entrou para a história como a Guerra das Duas Rosas (1453-1485), culminou com a ascensão ao poder dos Tudor, inaugurando uma nova dinastia. Durante o reinado dos Tudor, destacaram-se as figuras de Henrique VIII (1491-1547), fundador da Igreja Anglicana (1535), e Elisabeth I (1533-1603), que conquistou a supremacia bélica marítima (derrotando a esquadra espanhola em 1588) e fortaleceu as fronteiras internas inglesas. Com a guerra civil em 1642, travada entre o parlamento liderado por Oliver Cromwell, e as forças do rei Carlos I, a Inglaterra pôs fim ao absolutismo monárquico e alcançou sua hegemonia econômica, passando a exercer influência em diversos pontos do mundo: América do Norte, Índia, Austrália e África. As relações diplomáticas entre Portugal e Inglaterra datam ainda do século XIV, com o estabelecimento do Tratado Anglo-português, um tratado de “perpétua amizade, sindicato [e] aliança” entre as duas nações. No entanto, com a União Ibérica (1580-1640), os interesses portugueses foram absorvidos pela agressiva política hispânica na Europa, inclusive com relação à antiga aliada lusa, resultando numa ruptura momentânea entre os dois reinos. As relações anglo-portuguesas seriam reestabelecidas após a Guerra de Restauração – Portugal contaria com o apoio militar britânico na guerra contra a Espanha – com a assinatura do tratado de paz e comércio em 1641 e outros daí decorrentes, pelos quais os ingleses obtiveram, além da completa liberdade de comerciar em Portugal e nas Colônias, uma série de privilégios em terras lusitanas. O Tratado de Methuen, em 1703, deu livre entrada aos manufaturados ingleses em Portugal e redução das tarifas impostas à importação de Vinhos portugueses, agravando a dependência econômica lusa à Inglaterra. Diante desse quadro, o déficit da balança comercial portuguesa pôde ser equilibrado com o envio do Ouro extraído do Brasil, contribuindo para a ascensão econômica britânica. A Revolução Industrial, deflagrada no século XVIII, foi responsável pela manutenção e alargamento desses laços com as diversas nações, uma vez que parte da produção se destinava ao mercado externo. Numa disputa pela supremacia no continente europeu, a rivalidade entre Inglaterra e França ficaria evidente em beligerâncias travadas ao longo do oitocentos, como a Guerra de Sucessão da Espanha, a Guerra dos Sete Anos – onde estabeleceram-se alianças que perdurariam durante mais de dois séculos entre Inglaterra e Portugal, de um lado, e entre França e Espanha, do outro lado – e a Guerra da Independência dos Estados Unidos da América. A Inglaterra rompe o século XIX como a grande potência industrial da Europa, e sua grande rival, a França napoleônica buscou formas para barrar o crescimento econômico britânico no continente, decretando o Bloqueio Continental (1806), pelo qual nenhum país europeu poderia comercializar com a Grã-Bretanha sob o risco de invasão pelo poderoso exército francês. Antigo aliado inglês, Portugal não aderiu ao bloqueio, temendo perder suas possessões no ultramar. O não-alinhamento português resultou na Invasão francesa em Portugal e na consequente transferência da corte portuguesa para o Brasil sob proteção da armada inglesa em 1807. Além de participar da transferência, os ingleses também se comprometeram a dispor de suas tropas para combater os exércitos franceses em solo lusitano. Tal apoio foi obtido em troca do compromisso estabelecido pelo príncipe regente de Portugal, d. João VI, no qual garantia abrir os portos do Brasil para nações estrangeiras, além da assinatura dos Tratados de 1810, que asseguravam à Inglaterra vantagens comerciais frente aos demais países, e mesmo à Portugal. Estava assim garantida a hegemonia britânica sobre a economia brasileira. Com a autonomia política em 1822, a subordinação brasileira à Inglaterra deixou de ser apenas comercial e passou a ser também financeira, devido sobretudo, aos empréstimos feitos por d. Pedro I para comprar o Reconhecimento da independência do Brasil de Portugal e para financiar a Guerra da Cisplatina. A Inglaterra, além do poder econômico, passaria a ter influência política durante todo o império. A dimensão da ingerência inglesa pode ser percebida na pressão pelo fim do Tráfico de Escravos realizada pela Grã-Bretanha ao longo do século XIX. Em 1826, foi assinado um tratado que declarava ilegal o comércio interatlântico de escravos após 1830, apesar de a economia brasileira ainda estar assentada na plantation de mão de obra escrava. E contrariando da mesma forma os interesses das elites escravocratas brasileiras, em 1831, foi promulgada a lei que pôs fim ao tráfico de escravos para o Brasil, que na prática não impediu que uma enorme quantidade de africanos escravizados entrasse no Brasil até 1850, quando a proibição do tráfico se tornou efetiva com a Lei Eusébio de Queirós.
[8] COMPANHIA DAS ÍNDIAS. A Companhia Britânica das Índias Orientais, East India Company (EIC), foi criada em 1600 com a finalidade de se tornar a representante comercial da Coroa Britânica a leste do Cabo da Boa Esperança. Assim, enquanto a Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC) monopolizava o comércio de especiarias na Indonésia, a EIC voltou-se para a Índia e posteriormente, para a China. O acesso direto da Inglaterra aos mercados orientais foi um objetivo construído no século XVI, quando os termos Oriente ou Índias Orientais, Ásia e Índia tinham diversos significados: "O Oriente poderia significar um número de localizações geográficas de onde produtos orientais exóticos emanavam. Também não havia muita precisão sobre o que os ingleses queriam do Oriente", escreve Philip Lawson (The East India Company: A History. Routledge, 1993). Para esse autor, embora a companhia tivesse motivações econômicas, foi impulsionada, na origem, por razões menos evidentes como o nacionalismo para suplantar o poder ibérico ou razões religiosas - para difundir o cristianismo e conter o poder islâmico na região. O apelo da pirataria, ou simplesmente a sede por conhecimento e o desejo de se aventurar, despertado em grande medida pela circunavegação do globo por Francis Drake entre 1577 e 1580, fomentaram a imaginação e o "fervor nacional protestante" dos ingleses. A Companhia iria criar em Surat um centro de comércio ou "fábrica" com o suporte do imperador Mogol, vindo estabelecer outros centros ao longo do século XVII, como Calcutá (Kolkata, 1690) e Bombaim (Mumbai, 1668) (https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-2078/as-mercadorias-da-companhia-das-indias-orientais/), centros esses que sustentaram o comércio triangular, com as trocas de metais preciosos por, principalmente, tecidos e especiarias, levados à Índia, às Índias Orientais, China, Inglaterra. Outro item que movimentou a rota do Oriente foi a exportação do ópio indiano, em alta no mercado, apesar da proibição chinesa. O ópio era trocado por chá, então enviado para a Inglaterra e as colônias na América do Norte, além outras mercadorias que seguiam nos navios, entre os quais os tecidos ingleses, a louça chinesa, a seda chinesa e persa, açúcar, servindo, também, ao tráfico de africanos escravizados. A EIC monopolizou o comércio com a Índia até 1813 e com a China, até 1833. Seu declínio foi marcado pelo estabelecimento de um governo britânico na Índia, com o controle total pela Coroa.
[9] BAHIA, CAPITANIA DA. Estabelecida em 1534, teve como primeiro capitão donatário Francisco Pereira Coutinho, militar português pertencente à pequena nobreza que serviu nas possessões da Índia. Em 1548, fora revertida à Coroa e transformada em capitania real. Um ano mais tarde, com a fundação da cidade de Salvador, abrigou a primeira capital da colônia, posição que ocupou até 1763, quando a sede administrativa colonial foi transferida para a cidade do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, d. José I extinguiu as capitanias de Ilhéus e de Porto Seguro e incorporou-as as suas áreas à Bahia. A ela também se subordinava, até 1820, a capitania de Sergipe d’El Rei. Sua geografia, no período colonial, estava dividida em três grandes zonas: o grande porto, que compreendia a cidade de Salvador; hinterlândia (área pouco ocupada, de desenvolvimento reduzido, subordinada economicamente a um centro urbano) agrícola, referente ao Recôncavo, e o sertão baiano, cada região com atividades econômicas específicas. A cidade de Salvador exerceu as funções de porto transatlântico para o tráfico de escravos e de cabotagem para o comércio de fumo, algodão, couro e açúcar (principal produto de exportação). No Recôncavo, destacava-se a agricultura comercial, concentrando grande número de engenhos de açúcar. Também ali se praticava a cultura do fumo e, mais ao sul, uma agricultura de subsistência. No sertão, a principal atividade era a pecuária, tanto com produção de carne, de couro e de sebo, quanto para o fornecimento de gado que servia de força motriz nos engenhos e ao abastecimento de Salvador e do Recôncavo. Girando em torno da atividade açucareira, a vida sociopolítica baiana era reflexo da “grande lavoura”, na qual a hierarquia era dominada pelos senhores de engenho.
[10] LISBOA. Capital de Portugal, sua origem como núcleo populacional é bastante controversa. Sobre sua fundação, na época da dominação romana na Península Ibérica, sobrevive a narrativa mitológica feita por Ulisses, na Odisseia de Homero, que teria fundado, em frente ao estuário do Tejo, a cidade de Olissipo – como os fenícios designavam a cidade e o seu maravilhoso rio de auríferas areias. Durante séculos, Lisboa foi romana, muçulmana, cristã. Após a guerra de Reconquista e a formação do Estado português, inicia-se, no século XV, a expansão marítima lusitana e, a partir de então, Portugal cria núcleos urbanos em seu império, enquanto a maioria das cidades portuguesas era ainda muito acanhada. O maior núcleo era Lisboa, de onde partiram importantes expedições à época dos Descobrimentos, como a de Vasco da Gama em 1497. A partir desse período, Lisboa conheceu um grande crescimento econômico, transformando-se no centro dos negócios lusos. Como assinala Renata Araújo em texto publicado no site O Arquivo Nacional e a história luso-brasileira (http://historialuso.arquivonacional.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3178&Itemid=330 ), existem dois momentos fundadores na história da cidade: o período manuelino e a reconstrução pombalina da cidade após o terremoto de 1755. No primeiro, a expansão iniciada nos quinhentos leva a uma nova fase do desenvolvimento urbano, beneficiando as cidades portuárias que participam do comércio, enquanto são elas mesmas influenciadas pelo contato com o Novo Mundo, pelas imagens, construções, materiais, que vinham de vários pontos do Império. A própria transformação de Portugal em potência naval e comercial provoca, em 1506, a mudança dos paços reais da Alcáçova de Lisboa por um palácio com traços renascentistas, de onde se podia ver o Tejo. O historiador português José Hermano Saraiva explica que o lugar escolhido como “lar da nova monarquia” havia sido o dos armazéns da Casa da Mina, reservados então ao algodão, malagueta e marfim que vinham da costa da Guiné. Em 1º de novembro de 1755, a cidade foi destruída por um grande terremoto, com a perda de dez mil edifícios, incêndios e morte de muitos habitantes entre as camadas mais populares. Caberia ao marquês de Pombal encetar a obra que reconstruiu parte da cidade, a partir do plano dos arquitetos portugueses Eugenio dos Santos e Manuel da Maia. O traçado obedecia aos preceitos racionalistas, com sua planta geométrica, retilínea e a uniformidade das construções. O Terreiro do Paço ganharia a denominação de Praça do Comércio, signo da nova capital do reino. A tarde de 27 de novembro de 1807 sinaliza um outro momento de inflexão na história da cidade, quando, sob a ameaça da invasão das tropas napoleônicas, se dá o embarque da família real rumo à sua colônia na América, partindo no dia 29 sob a proteção da esquadra britânica e deixando, segundo relatos, a população aturdida e desesperada, bagagens amontoadas à beira do Tejo, casas fechadas, como destacam os historiadores Lúcia Bastos e Guilherme Neves (Alegrias e infortúnios dos súditos luso-europeus e americanos: a transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1807. Acervo, Rio de Janeiro, v.21, nº1, p.29-46, jan/jun 2008. http://revista.arquivonacional.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/86/86). No dia 30 daquele mês, o general Junot tomaria Lisboa, só libertada no ano seguinte mediante intervenção inglesa.
[11] EUROPA. Parte ocidental do supercontinente eurasiático, é limitada a norte pelo oceano Glacial Ártico, a oeste pelo oceano Atlântico, a sul pelo mar Mediterrâneo, pelo mar Negro, pelas montanhas do Cáucaso e pelo mar Cáspio, e a Leste, pelos Montes Urais e pelo Rio Ural. É o menor dos cinco continentes do mundo, contudo, o mais densamente povoado. A despeito da hegemonia europeia no mundo por muitos séculos, o continente apresenta grande diversidade de formações políticas, de desenvolvimento científico e sensíveis desigualdades econômicas, sendo esse desequilíbrio uma das características marcantes na história de Portugal e seu império ultramarino, na qual contrasta, para alguns autores, a frágil posição do reino no contexto europeu e sua força na expansão e conquista. Conhecida como “Velho Mundo” desde o período das grandes navegações do século XV e XVI – em função do termo “Novo Mundo”, descoberto no período –, irradiou pelo globo sua cultura e mesmo uma narrativa histórica predominante, sobretudo no continente americano, onde Estados europeus fundaram Colônias. As principais mudanças na vida política, econômica, social e cultural da Europa repercutiam poderosamente na América. Foi o caso do movimento iluminista de contestação do antigo regime absolutista na Europa, cujos princípios serviram de base teórica para a Revolução norte-americana, e para os movimentos liberais, como a Revolução Pernambucana de 1817, que eclodiram no Brasil em fins do século XVIII até o século XIX.
[12] REAL JUNTA DO COMÉRCIO [LISBOA]. Instituída por decreto de 30 de setembro de 1755, com sede em Lisboa, era composta por um provedor, um secretário, um procurador e seis deputados. A Real Junta do Comércio tinha amplas atribuições: fiscalização do comércio, organização das frotas, intervenção nas falências, lotação dos navios, estabelecimento do preço dos fretes, fiscalização de certos artigos nas alfândegas, direção das cargas e descargas de navios, também interferindo na indústria, na repressão ao contrabando, na concessão de licenças para estabelecimentos comerciais em Lisboa e no Porto, nos seguros e noutras atividades. Além disso, também mantinha aulas de comércio. Em 1788 foi elevada à categoria de Tribunal Régio, com o título de Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação. Em 1808, foi reinstituída no Rio de Janeiro, vinculada ao Erário Régio, com um presidente e dez deputados, ficando a ela subordinadas as Mesa de inspeção. O órgão foi extinto em Portugal no ano de 1834.
[13] VANDELLI, DOMINGOS AGOSTINHO (1735-1816). Nascido em Pádua, na Itália, Domenico Vandelli concluiu na mesma cidade a sua formação universitária nos domínios da medicina e da história natural e integrando o corpo de professores do Real Colégio dos Nobres, a convite do Marquês de Pombal em 1764. Logo em seguida, durante as reformas da Universidade de Coimbra, passou a lecionar na Faculdade de Filosofia como lente de química e de história natural. Foi o responsável pelo planejamento e fundação do Jardim Botânico do Palácio da Ajuda (1768), além do estabelecimento do Laboratório Químico e do Museu de História Natural da Universidade de Coimbra. Elaborou o projeto de uma fábrica de louças por volta de 1780, no Rossio de Santa Clara de Coimbra, que ficou conhecida como “louça de Vandelles”, tornando-se famosa por sua beleza e qualidade. Foi designado o primeiro diretor do Jardim Botânico da Ajuda, em 1787, recebendo ainda a nomeação de deputado da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação dos reinos e seus domínios. Pertenceu a muitas academias científicas, tendo participado da criação da Real Academia das Ciências de Lisboa e produzido diversas obras, principalmente sobre história natural (botânica). Em 1751, iniciou uma prolongada correspondência com Carl Von Lineu (1707-1778). Este, ao catalogar uma família de plantas, dedicou-lhe o gênero Vandellia. Levado pelo desejo de novas descobertas e conhecimentos científicos, Vandelli promoveu viagens e expedições filosóficas aos domínios ultramarinos portugueses, levadas a cabo por Alexandre Rodrigues Ferreira e outros naturalistas que foram seus alunos na Universidade de Coimbra. Teve ainda, entre seus discípulos, frei Mariano da Conceição Veloso, autor da obra Flora Fluminensis. Durante a invasão francesa a Portugal, foi acusado de defender as pretensões napoleônicas, sendo preso e deportado para a Ilha Terceira, nos Açores (1810), aos setenta e cinco anos de idade. Foi, posteriormente, para a Inglaterra, retornando a Portugal em 1815, onde faleceu um ano depois.
Loja de tecidos
Avaliação que José Antônio de Jesus e Araújo e Simplício da Silva Nepomuceno, comerciantes do varejo e matriculados na Junta do Comércio na Corte, realizaram na loja de Antônio Martins da Fonseca Castelões em que tinha como sócio, Bernardo José de Azevedo
Conjunto documental: Antônio Martins da Fonseca Castelões
Notação: BR RJANRIO ZN_9208caixa 892, proc.9208
Datas limite: 1811-1831
Título do fundo: Juízo de Órfãos e Ausentes
Código de fundo: ZN
Data: 8 de julho de 1817
Local: Rio de janeiro
Fls.: 235-243vLeia esse documento na íntegra
Fl. 235
Rio de Janeiro [1] 8 de julho de 1817
Avaliação das fazendas excedentes na loja [2] do falecido Antonio Martins da Fonseca Castelões na qual era sócio Bernardo José de Azevedo, as quais foram avaliadas por José Antônio de Jesus, e Simplicio da Silva Nepomuceno nomeado para o referido fimPanos
17,5// Côvados [3] de pano alvadio fino................3000// 52#500//
35// Côvados de dito preto, azul, preto e cores........dito 105#000
43,5 Côvados [supracitados] em retalhos.................dito 130#500
(...)Casimiras
24// Côvados de casimira azul, preta, cor e cordão....//800//192#000//
23// Côvados de dito azul.............................dito 18#400//
15// Côvados de dito de cor...........................600// 9#300//
(...)Fl. 235v
Durantes [4]
124// Côvados de durante, com lustro e sem lustro traçados 80// 9#920//
Baetão [5] e Baeta
17,5// Côvados de baetão verde ordinário....#450// 7#875//
11// Côvados de dito em retalho, ordinário 400// 4#400//
35// Côvados de baeta rosa..................dito 14#000
(...)Veludo
17// Côvados de veludo preto, e azul...............2000// 34#000//
8,5 Côvados de dito mais ordinário...............1800// 15#500//
67;3/4 Côvados de veludilho preto, e de cor......Dito 121#900//
(...)Fl.236
Sarjas
38// Côvados de sarja preta.......................1000// 38#500//
35,5 Côvados de dito mais estreita................850// 30#175//
23// Côvados de dito ordinária e mofada...........500// 11#500//
(...)Cetim
10 Peça de cetim rosa de 24.......................26#000
11% Côvados de dito............800// 3#600//
20 peças de dito branco e pérola..............20000 40#0000
(...)Fl. 236v
Tafetá
73% Côvados de Tafetá rosa, e preto ordinário....400// 24#600//
17% Côvados de dito branco..............360// 6#120//
20//Côvados de dito cor de cana...........400 8#000
1// Peça de touquinha escarlate.............. 24#000
25 Côvados de dito e preta.................1000// 25#000
6// Côvados de escumilha preta...800// 4#800//
(...)Fl. 238
Belbutinas [6]
10,5// Côvados de belbutina preta....................400// 4#200//
63//Côvados de dito azul e preta..................300//18#9000
(...)
Fustão
23 Côvados de fustão acolchoado juntado............400// 9#200
38,5 Côvados de dito branco........................Dito 15#600
17,5 Côvados de dito pintado ordinário.........320 54#880
(...)Gangas
11 peças de ganga azul........................1800 19#800
22 peças de ditas amarelas largas............1200 26#400
5 peças de ditas estreitas...................700 3#500
394 Côvados, de ganga riscada.................120 47#280
(...)Riscados
26 peças de riscado tecido de 12 [ + ]............3000 78#000
167 Côvados de dito.................................160 26#720
128 Varas de dito para colchão......................360 46#080
(...)Fl.239
Chitas [7]
862 Côvados de chita fina............................270 232#740
368 Côvados de dito mais ordinária...................200 73#600
(...)
5 cortes de saia de barra ordinárias.................1000 5#000
(...)Holanda
8 peças de Holanda...................................6000 48#000
19 Côvados de dito....................................125 2#375
85 Côvados de dito grossa e de cor....................100 8#500
(...)
12 peças de zuarte azul...............................4000 48#000
3 cortes de dito..............................................750 2#250//Paninhos [8]
14 peças de paninhos finos..............................5600// 78#400
25 varas de dito em retalhos.............................520// 13#000
04 varas de dito ordinário...............................240// #960
90 varas de dito de Irlanda estreita...................200 1#800//
(...)Fl. 239v
Cassas [9]
2// peças de cassa bordada de prata já mariada// 5600// 11#200
10// Varas de dita para lenço, estreita....................400// 4#000
2// peças de dito aberta e bordada.........................4000// 8#000
(...)Linhagens
45// Varas de linhagem ou brim ordinário....................250// 11#250
64// Varas de aniagem de França..............................dito// 16#000Irlanda e Ruão [10]
330// Peças de Irlanda de linho em 26 peças ordinária........400// 132#000
12// Varas de dito de algodão [11]................................200// 2#400//
11 peças de Ruão infestado de 12.............................2400// 26#400//Fl. 240
Cambraias [12]
2// peças de cambraia de linho................................18000// 36#000
5// varas de dito..............................................3000// 15#000
12// varas de dito de algodão ordinária.........................400// 4#800
(...)[1] Rio de Janeiro. A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi fundada tendo como marco de referência uma invasão francesa. Em 1555, a expedição do militar Nicolau Durand de Villegaignon conquista o local onde seria a cidade e cria a França Antártica. Os franceses, aliados aos índios tamoios confederados com outras tribos, foram expulsos em 1567 por Mem de Sá, cujas tropas foram comandadas por seu sobrinho Estácio de Sá, com o apoio dos índios termiminós, liderados por Arariboia. Foi Estácio que estabeleceu “oficialmente” a cidade e iniciou, de fato, a colonização portuguesa na região. O primeiro núcleo de ocupação foi o morro do Castelo, onde foram erguidos o Forte de São Sebastião, a Casa da Câmara e do governador, a cadeia, a primeira matriz e o colégio jesuíta. Ainda no século XVI, o povoamento se intensifica e, no governo de Salvador Correia de Sá, verifica-se um aumento da população no núcleo urbano, das lavouras de cana e dos engenhos de açúcar no entorno. No século seguinte, o açúcar se expande pelas baixadas que cercam a cidade, que cresce aos pés dos morros, ainda limitada por brejos e charcos. O comércio começa a crescer, sobretudo o de escravos africanos, nos trapiches instalados nos portos. O ouro que se descobre nas Minas Gerais do século XVIII representa um grande impulso ao crescimento da cidade. Seu porto ganha em volume de negócios e torna-se uma das principais entradas para o tráfico atlântico de escravos e o grande elo entre Portugal e o sertão, transportando gêneros e pessoas para as minas e ouro para a metrópole. É também neste século, que a cidade vive duas invasões de franceses, entre elas a do célebre Duguay Trouin, que arrasa a cidade e os moradores. Desde sua fundação, esta cidade e a capitania como um todo desempenharam papel central na defesa de toda a região sul da América portuguesa, fato demonstrado pela designação do governador do Rio de Janeiro Salvador de Sá como capitão-general das capitanias do Sul (mais vulneráveis por sua proximidade com as colônias espanholas), e pela transferência da sede do vice-reinado, em Salvador até 1763, para o Rio de Janeiro quando a parte sul da colônia tornou-se centro de produção aurífera e, portanto, dos interesses metropolitanos. Ao longo do setecentos, começam os trabalhos de melhoria urbana, principalmente no aumento da captação de água nos rios e construção de fontes e chafarizes para abastecimento da população. Um dos governos mais significativos deste século foi o de Gomes Freire de Andrada, que edificou conventos, chafarizes, e reformou o aqueduto da Carioca, entre outras obras importantes. Com a transferência da capital, a cidade cresce, se fortifica, abre ruas e tenta mudar de costumes. Um dos responsáveis por essas mudanças foi o marquês do Lavradio, cujo governo deu grande impulso às melhorias urbanas, voltando suas atenções para posturas de aumento da higiene e da salubridade, aterrando pântanos, calçando ruas, construindo matadouros, iluminando praças e logradouros, construindo o aqueduto com vistas a resolver o problema do abastecimento de água na cidade. Lavradio, cuja administração se dá no bojo do reformismo ilustrado português (assim como de seu sucessor Luís de Vasconcelos e Souza), ainda criou a Academia Científica do Rio de Janeiro. Foi também ele quem erigiu o mercado do Valongo e transferiu para lá o comércio de escravos africanos que se dava nas ruas da cidade. Importantíssimo negócio foi o tráfico de escravos trazidos em navios negreiros e vendidos aos fazendeiros e comerciantes, tornando-se um dos principais portos negreiros e de comércio do país. O comércio marítimo entre o Rio de Janeiro, Lisboa e os portos africanos de Guiné, Angola e Moçambique constituía a principal fonte de lucro da capitania. A cidade deu um novo salto de evolução urbana com a instalação, em 1808, da sede do Império português. A partir de então, o Rio de Janeiro passa por um processo de modernização, pautado por critérios urbanísticos europeus que incluíam novas posturas urbanas, alterações nos padrões de sociabilidade, seguindo o que se concebia como um esforço de civilização. Assume definitivamente o papel de cabeça do Império, posição que sustentou para além do retorno da Corte, como capital do Império do Brasil, já independente.
[2] Loja O florescimento do comércio de tecidos, roupas, acessórios femininos e masculinos no Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XIX se dá sob a influência da moda, dos hábitos de consumo, e da sociabilidade que a chegada da Corte iria impor à nova capital do Império. Uma outra demografia e ocupação urbanas, posturas municipais disciplinadoras e mesmo a proibição de determinadas vestimentas femininas [ver: Lei de 11 de agosto de 1649] concorreram para as mudanças tradicionalmente assinaladas. A adoção de trajes e outros itens da moda de origem sobretudo francesa pela sociedade local, marcava a tentativa de civilização dos costumes e de aproximação com a aristocracia portuguesa. O processo de "europeização dos corpos", como definiu Maria do Carmo Teixeira Rainho (A cidade e a moda: novas pretensões, novas distinções - Rio de Janeiro, Século XIX. Ed. UnB, 2002), encontrava no varejo, em lojas artesanais, os tecidos importados, e por vezes roupas prontas, que projetavam a aparência desejada e externavam o abismo social entre as camadas da população. A expansão do varejo seria incentivada pela administração joanina, que em 27 de março de 1810, publica o alvará que "permite que se possam vender pelas ruas e casas todas as mercadorias de que se tenham pago os competentes direitos". Essa medida visava ampliar o volume de tributos pagos à Coroa, reconhecendo a atividade ambulante que efetivamente se praticava, "mostrando a experiência que foi sempre impraticável a exata observância daquela pragmática suntuária". Despertou, contudo, a insatisfação dos proprietários de lojas no Brasil e também em Portugal, por reverter as garantias implícitas no "Estatuto dos Mercadores a Retalho exatamente com o argumento de que o comércio ambulante seria prejudicial à riqueza da nação e aos bons costumes ao definirem lugares de respeitabilidade para serem frequentados (todas as lojas deveriam funcionar junto às calçadas e jamais em sobrados) e ao obrigarem os mercadores e seus caixeiros a frequentarem as aulas de comércio para o ensinamento básico das atividades mercantis" (CHAVES, Claudia Maria das Graças. O outro lado do Império. TOPOI, v. 7, n. 12, jan.-jun. 2006, pp. 154. Disponível em https://www.scielo.br/j/topoi/a/RyZbL64cfy3FsTBCGcd43NS/abstract/?lang=pt ). Do ponto de vista do consumo de artigos de luxo ou mais refinados principalmente no Rio de Janeiro, deve-se considerar que nos séculos precedentes chegavam à América portuguesa tecidos indianos, bem como porcelana e chá chineses, concedendo feições orientais à reduzida elite colonial. Além disso, desde o final do setecentos já podiam ser adquiridas mercadorias britânicas, lembrando que tratados anglo-lusitanos do século XVII haviam assegurado direitos à utilização dos portos brasileiros do Rio de Janeiro, Salvador e Recife, como assinala Luciana Martins, acrescentando que a abertura dos portos de Goa, Diu e Damão (na atual Índia) ao comércio europeu permitiu o transporte de produtos da Ásia em naus portuguesas da Índia para Lisboa, suprindo com tecidos e especiarias os mercados da América e da África portuguesas e da Europa. "As próprias mercadorias britânicas circulavam nos mercados do Rio no final do século XVIII, como Staunton (1797, p. 157) registrou: 'as lojas do Rio estavam repletas de manufaturados de Manchester e de outros produtos britânicos, inclusive de gravuras inglesas, tanto sérias como caricaturas'”, destaca Martins. (Paradoxos da modernidade: o Rio de Janeiro do período joanino, 1808-1821. In: Fernandes, E. and Abreu, M.A. (eds.) Brasil Urbano. Rio de Janeiro, Brasil: Mauad). Diante desse quadro, no qual experientes comerciantes que atuaram em outras partes do Império foram, a partir de 1808, os mesmos negociantes que operavam na praça do Rio, tais estabelecimentos inserem-se na paisagem econômica e urbana da capital, catalisando as tendências da moda e do vestuário que nas primeiras décadas do século se davam, essencialmente, pela aquisição de fazendas como cassa, cambraia, belbutes ou chitas, nas quais predominava o algodão, atendendo ao crescente prestígio desse material entre o público europeu.
[3] Côvado. padrão de medida linear, originário da Antiguidade, correspondente à distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio de uma pessoa. É subdividido em 28 dígitos, definidos pela largura do dedo e foi empregado por muito tempo em diferentes sociedades, na construção civil, na indústria têxtil, no comércio e agricultura. A unidade de medida variava entre as regiões e conforme seu objetivo: em Portugal havia o Côvado do rei, para as construções reais, o Côvado do comum para as construções populares e havia côvados específicos nas manufaturas têxteis ou para medição de terras, com suas extensões próprias. Embora ainda possa ser uma referência informal em alguns países, devido a sua popularidade, não é uma unidade de medida padronizada e aceita.
[4] Durante. Tecido de lã “lustroso como o cetim”, a denominação se deve a sua durabilidade (cf. BERNARDO, Jozimar Luciovanio. Vocabulario têxtil na língua portuguesa no Brasil Colônia: tessituras histórico-linguísticas. Araraquara, 2020. Tese (doutorado), Unesp. Disponível em: https://agendapos.fclar.unesp.br/agenda-pos/linguistica_lingua_portuguesa/5324.pdf ). No Brasil sua presença se deve à importação de tecidos de Portugal e da Grã-Bretanha. A inexistência de fábricas têxteis no período colonial, proibidas pelo Alvará de 1785, levou à importação de quase todas as fazendas, relacionadas na correspondência do ministro da Marinha e Domínios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro ao vice-rei no Estado do Brasil entre elas, o durante, citado entre aqueles tecidos de lã vedados às manufaturas coloniais.
[5] Baetão. Tecido de lã ou algodão, grosseiro, de várias espessuras. Era muito utilizado nas vestimentas das escravas, principalmente o baetão preto, para a confecção de saias. Também era empregado na fabricação de colchas, cobertores, cobertas e outras peças do vestuário, como capas e casacos.
[6] Belbutes, chitas, bombazinas, fustões. Os tecidos eram artigos muito valorizados no período colonial, já que eram importados via Portugal e comercializados a preços altos por mercadores que os traziam de navio ao Brasil, o que atribuía um elemento a mais às roupas que são representações de costumes, tradição e condição social. Cada grupo usava as roupas que lhe eram próprias e os códigos do vestuário incumbiam de conferir aos grupos seus privilégios ou deveres. A bombazina era um tecido de veludo de seda ou algodão com sulcos muito profundos na camada de uso no sentido da teia e apresentava muita resistência ao uso, servindo para vestuário de homem, senhora ou decoração. Belbute, ou belbutine, era uma espécie de tecido de algodão aveludado, usado em vestidos, camisas, forros de coletes ou roupas de baixo, algumas vezes como ornamento, outras como tecido para uma roupa completa. O fustão consiste num pano que tem o avesso liso e o lado direito em relevo, formando desenhos. A chita, originária da Índia e importada pela Companhia da Índias Orientais, junto as especiarias, como cravo, canela e pimenta, foi bastante apreciada por conta da qualidade da fixação da estampa no tecido.
[7] Chitas e algodão. Tecido de grande circulação e usos variados, tido contemporaneamente como representativo da cultura brasileira por suas estampas coloridas e tropicais, a chita é feita de algodão rústico, acabamento engomado e tramas simples. Originaria da Índia, de onde provém o nome chitra, que significa “matizado” em sânscrito, a chita teria chegado a Europa a partir da expedição de Vasco da Gama e foi utilizada na confecção de roupas para os escravos e na produção de saias para as mulheres brancas no uso privado. A manufatura e exportação da chita e do algodão devem também ser compreendidas na perspectiva do exclusivo colonial e do comércio entre a praça do Rio de Janeiro e o reino, uma vez que é a partir da metrópole que se dá a sua distribuição na Europa. Como indica o historiador João Fragoso, em um quadro no qual a América portuguesa era o principal comprador dos produtos do reino, em 1815, mais da metade da produção de chita e saias era comprada fora de Portugal. Obtido a partir do filamento sedoso que envolve as sementes do algodoeiro, o algodão está na base da fabricação de diversos tipos de tecidos, tanto de alta, quanto de baixa qualidade. Tecidos grosseiros de algodão foram empregados para ensacar gêneros agrícolas ou para o vestuário dos escravos, respeitando o Alvará de 5 de janeiro de 1785, de d. Maria I, que liberou essa produção e, em contrapartida, proibiu as manufaturas de tecidos finos no Brasil, incluída aí a chita. Chita e algodão participam ainda do processo de trocas que se faz do Brasil para a costa africana e que envolve o comércio atlântico de escravos. Ainda na perspectiva do ultramar e de sua participação no motor da economia portuguesa, os panos de algodão, provenientes da Índia, foram matéria prima para a primeira fase da revolução industrial, no final do século XVIII. (FRAGOSO, João. Mercados e negociantes imperiais: um ensaio sobre a economia do império português (séculos XVII e XIX). História: Questões & Debates, Curitiba, n. 36, p. 99-127, 2002). [Ver também BELBUTES, CHITAS, BOMBAZINAS, FUSTÕES]
[8] Paninho. Pano fino de algodão utilizado na fabricação de lençóis, fronhas e vestimentas masculinas e femininas.
[9] Cassa. Fazenda fina e transparente, geralmente de linho ou algodão, utilizada para confecção de fronhas, lençóis, toalhas, guardanapos, toalhas de mão, véstias, vestidos e saias, para uso das senhoras brancas no interior das casas e das escravas quando transitavam nas ruas.
[10] Ruão. Pano de linho tosado e por vezes, tingido, que servia para forrar vestidos. O nome do tecido se deve a sua proveniência, da cidade francesa de Rouen.
[11] Algodão. Diversas espécies nativas de algodão podiam ser encontradas no Brasil desde os primeiros anos de colonização. A chegada das primeiras técnicas de fiação e tecelagem com a fibra algodoeira, no entanto, datam do século XVII, quando as roupas de algodão passaram a ser utilizadas para a vestimenta dos escravos nos meses mais quentes. A partir da segunda metade do século XVIII, a crescente demanda pelo consumo de algodão pelo Império britânico forçou a expansão do cultivo e a fabricação de fios no Brasil. Esse processo provocou uma segunda onda de interiorização da produção mercantil para exportação, isso porque o plantio do algodão é mais propício em clima seco, com chuvas regulares, ou seja, em áreas afastadas do litoral. Foi no Maranhão, através dos incentivos criados pela Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, que a produção algodoeira obteve crescimento mais intenso e longevo, perdurando até meados do século XIX. No Estado do Grão-Pará e Maranhão, serviu ainda ao pagamento dos funcionários régios e às transações comerciais (na forma de novelos ou de peças de pano) até 1749, quando foi introduzida a moeda metálica naquela região. No Oitocentos, apesar da onda de produção crescente, o baixo preço e a qualidade superior do algodão norte-americano terminaram por suplantar o produto brasileiro nos mercados internacionais.
[12] Cambraia. O nome desse tecido fino, brilhoso e transparente, deriva da cidade de Cambrai na França onde começou a ser fabricado a partir do século XIII. Originalmente feita em linho, depois em algodão, a cambraia foi utilizada em bordados de igreja, no enxoval doméstico e no vestuário feminino ou masculino como forros de bolsos, roupas íntimas, aventais, camisas e lenços.
Fábrica de Estamparia do Catete
Provisão do príncipe regente isentando do pagamento de Direitos de Saída, e de Entrada dos tecidos adquiridos por Lourenço Westin à Fábrica de Estamparia do Catete e que seriam remetidos ao Rio Grande de São Pedro do Sul.
Conjunto documental: Junta do Comércio, comerciantes
Notação: BR RJANRIO 7X.CAI 380, pct. 02
Título do fundo: Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação
Código de fundo: 7X
Data: 23 de novembro de 1811
Local: Rio de Janeiro
Folhas:-
Leia esse documento na íntegra
Dom João Etc. Faço saber a todas as justiças, e mais pessoas a quem o conhecimento desta pertencer, que perante a minha Real Junta do Comércio Agricultura Fabricas [1] etc fez certo Lourenço Westin [2] por atestação jurada de Nunes Sá e Companhia Eretores da Fábrica de Estamparia [3]no Catete [4] subúrbio desta Cidade haver comprado aos ditos Eretores mil quatrocentos e noventa e dois côvados [5] de chita, [6] e dois cortes de saias, estampado tudo na dita Fabrica que pretende remeter para o Rio Grande de São Pedro do Sul [7]. E porque semelhantes manufaturas [8] das Fábricas deste Estado são isentas dos Direitos de Saída, e de Entrada nas Alfândegas dele, em conformidade das Minhas Reais Ordens; determino que assim se cumpra inteiramente, dando-se lhe livre na forma ordenada. Não pagou Novos Direitos etc. O Principe Real [9] Nosso Senhor o mandou etc.
Fazenda a fez etc Desta duzentos e quarenta reis
[1] REAL JUNTA DO COMÉRCIO, AGRICULTURA, FABRICAS E NAVEGAÇÃO. Em 23 de agosto de 1808, em consequência da abertura dos portos ao comércio estrangeiro, foi estabelecida no Brasil a Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, em substituição à Mesa de inspeção do Rio de Janeiro, incorporando suas funções. Foi organizada segundo o modelo da Real Junta do Comércio de Lisboa, instrumento de fiscalização e gestão do comércio ultramarino, importante no fomento à atividade agrícola e industrial. A junta acumulava funções judiciais e administrativas e entre suas funções, destacam-se: matricular os negociantes de grosso trato e seus caixeiros; regular a instalação de manufaturas e fábricas; cuidar do registro de patentes de invenções; conceder provisões de fábricas; administrar a pesca de baleias; faróis; estradas, pontes e canais; importação e exportação; além de solucionar litígios entre negociantes; dissoluções de sociedades mercantis; administração de bens de negociantes falecidos ou de firmas falidas ou em concordata, entre outros. Teve como primeiro presidente o conde de Aguiar, Fernando José de Portugal e Castro, que tomou posse em 18 de maio de 1809. Contam-se entre seus deputados, negociantes de grosso trato que exerciam o tráfico de africanos, evidenciando o papel de destaque dessa atividade no Brasil, o que incluía o recebimento de comendas como a Ordem de Cristo entre outras distinções. (FLORENTINO, Manolo et al. Aspectos comparativos do tráfico de africanos para o Brasil (Séculos XVIII e XIX). Afro-Ásia, 31 (2004), 83-126).
[2] Westin, Lourenço. Westin, Lourenço. 1787 – 1846. Nascido em Estocolmo, filho de um dono de curtume, Westin e seus sócios se encontravam em Portugal e partiu para o Rio de Janeiro devido à invasão por tropas napoleônicas. Tornou-se representante comercial no Rio de Janeiro em 1808, aos 21 anos, tendo sido o primeiro cônsul sueco-norueguês na capital do Império. No Brasil, Westin continuou com os negócios, envolvendo-se em atividades especulativas e sendo levado à falência, em uma praça comercial de hegemonia inglesa. (COSTA, Simona. A elite mercantil do Rio de Janeiro e o processo de Independência do Brasil: alguns estudos de caso. Revista TEL, Irati, v. 12, n.1, p. 137-158, jan./jun. 2021. Disponível em https://revistas.uepg.br/index.php/tel/article/download/19656/209209215476/209209242976 ).
Afastados da direção dos negócios da Lourenço Westin & Companhia a partir de 1810, em 1816 os sócios tentaram chegar a uma concordata, recusada pelos principais credores, entre eles a Junta do Banco do Brasil, uma seguradora e empresários ingleses. Como assinala Costa, "uma resolução régia de 1817 obrigou os credores dissidentes a aderir ao acordo, deixando “salvo” o privilégio dos ingleses, ao qual se apelou um dos comerciantes, Matheus Buchanan, que causou um “prejuízo notável” aos devedores e, indiretamente, aos outros credores". Além dos negócios privados, como a importação e comercialização de tecidos, Westin pode ser encontrado em registros do Arquivo Distrital de Braga, de 1816, como procurador dos naturalistas Jorge Freyreiss e Frederico Sellow que vieram ao Brasil acompanhando o príncipe Maximiliano von Wied-Neuwied. É de sua autoria, também, a parte marítima do projeto do Código Comercial do Império do Brasil, tendo sido um membro integrante da comissão nomeada em 1832, por José Lino Coutinho, ministro dos Negócios do Império. O cônsul, que era próximo ao imperador, viveu até a sua morte na fazenda adquirida em 1826, no atual município de Poço Fundo, Minas Gerais.
[3] Fábrica de estamparia. Surgidas na Índia e Indonésia, séculos antes da era comum, as estampas foram empregadas também pelos egípcios, que fizeram uso da técnica de estampagem com blocos de madeira. Para obtenção dos primeiros tecidos estampados os fenícios recorreram aos blocos de madeira com gravações combinados à tecelagem em fios de diferentes cores. O stencil em estamparias variadas e os bordados em cores fizeram parte da produção fenícia, enquanto a serigrafia sobre linho, encontrada em tumbas egípcias de oito mil anos, tornou-se uma especialidade na Índia (YAMANE, Laura Ayako. Estamparia têxtil. Dissertação de mestrado. ECA/USP, 2008. Disponível em https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27159/tde-20052009-132356/publico/5281852.pdf). Conforme Laura Yamane, as mais antigas estampas europeias datam de 543, mas é a partir do ano 1000 que a cidade de Veneza se tornou um porto de propagação de mercadorias entre Oriente e Ocidente, criando o gosto pelos tecidos estampados, com nítida influência oriental nos tecidos e na padronagem. No século XVIII o Novo Mundo é a influência predominante nas padronagens e a importação dos tecidos orientais é corrente. Em Portugal, face às leis suntuárias, as políticas mercantilistas e os interesses locais, chegou-se a proibir o fabrico e o uso de panos de algodão estampados, que acabaram não surtindo efeito. No século XVIII a indústria de estamparia foi um setor em crescente importância, liderando o início da industrialização e o comércio internacional, instalando-se nas grandes capitais europeias. Em Portugal, a despeito do interesse que suscitavam e do conhecimento que havia sobre o produto - "tão importante no comércio oriental e no resgate de escravos" não houve uma corrida a esse gênero de tecidos, como afirma Jorge Miguel Pedreira (Indústria e negócio; a estamparia da região de Lisboa, 1780-1880 Análise Social, vol. xxvi (112-113), 1991 (3.°-4.°), 537-559. https://www.jstor.org/stable/41010872?read-now=1#page_scan_tab_contents). Assim, a estamparia de algodão em Portugal, surgiu, de fato, em 1755 e, sem qualquer avanço na sua mecanização até o final do XVIII, ou seja, da implantação de uma divisão do trabalho em suas diversas especialidades. Eram muitas as dificuldades na manutenção das fábricas e poucas seguiriam a imposição de possuir teares, continuando a depender dos tecidos de Bengala. Ainda assim a indústria de estamparia foi protegida da concorrência pela interdição às importações e pela proibição do estabelecimento de manufaturas no Brasil. Já ao final do reinado de d. José I, em 1777, as chitas estampadas eram exportadas para o Brasil, produzidas a partir das fazendas brancas que vinham da Ásia. Quanto à produção têxtil colonial, há um debate historiográfico sobre o alcance das medidas restritivas às manufaturas na América portuguesa, com o alvará de 1785. O sufocamento do desenvolvimento da colônia tem sido revisto, considerando-se que a execução do Alvará resultou no confisco de treze teares, concluindo-se como escreveu Douglas Cole Libby, que a produção local era marginal e que a legislação supervalorizava sua competência. Mas, ainda para esse mesmo autor, deve-se questionar as dimensões dessa indústria de âmbito doméstico, que acabaria por representar uma proto-indústria sobretudo em Minas Gerais. (LIBBY, Douglas Cole. Notas sobre a produção têxtil brasileira no final do século XVIII: novas evidências de Minas Gerais. Estudos Econômicos, São Paulo, V.27, N.1, P. 97-125, Janeiro-Abril 1997). Exemplar para o comércio do pano de algodão estampado é a chita, conhecida como "pano do povo" e que para alguns autores teria conhecido a clandestinidade: o seu uso, também na capitania de Minas Gerais, tornou-se um "ato de protesto e rebeldia contra as arbitrariedades da metrópole" (MELLÃO, Renata; IMBROISI, Renato. Que Chita Bacana. São Paulo: A Casa, 2005. Apud ROCHA, Maria Diaz e QUEIROZ, Mônica. O significado da cor na estampa do tecido popular: a chita como estudo de caso. Anais do Colóquio de Moda, 2010. Disponível em https://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202010). Com a presença da Corte no Brasil e a criação da Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação uma série de manufaturas têxteis, muitas originárias da Metrópole, solicitam sua instalação em diversas capitanias e na nova sede do Império, à exemplo das fabricas de estamparia do Andaraí e do Catete.
[4] CATETE. O bairro carioca recebeu esse nome de origem indígena, que significa “mato denso”. Desde o início da colonização do Rio de Janeiro e mesmo antes, deve-se a abertura desse caminho à busca de água potável no rio Carioca, pelos seus primeiros habitantes. Com a presença dos portugueses, logo na segunda metade do século XVI, quem seguia por ali, ou buscava água, ou vinha atravessar a chamada "ponte do Salema" em referência ao governador Antônio Salema que cobrava pedágio para a passagem, o que perdurou por muito tempo. Nos séculos seguintes, sobretudo a partir do XVIII, surgem chácaras e olarias, atraídas pelas águas disponíveis no local e no início do século XIX, segundo Isabel Lustosa (Catete - Singularidades de um bairro. Revista Rio de Janeiro, dezembro, 1985), a localidade já se encontrava subdividida em chácaras da "pequena nobreza colonial". Nos periódicos da época, como a Gazeta do Rio de Janeiro de 1811, já se encontravam anúncios de vendas de propriedades na região do Catete e avisos que davam conta do tipo de negócio que prosperava, como o de 29 de novembro sobre a fuga de "um preto Mina de estatura alta, bem reforçado (...)" que trajava calças de riscas de pano da costa, e camisa de riscado, levando uma trouxa com outras calças e camisa: quem o achar, ou souber dele, o levará ou avisará no Catete na casa da fábrica de estamparia, que se lhe darão suas alvíssaras".
[5] CÔVADO. padrão de medida linear, originário da Antiguidade, correspondente à distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio de uma pessoa. É subdividido em 28 dígitos, definidos pela largura do dedo e foi empregado por muito tempo em diferentes sociedades, na construção civil, na indústria têxtil, no comércio e agricultura. A unidade de medida variava entre as regiões e conforme seu objetivo: em Portugal havia o Côvado do rei, para as construções reais, o Côvado do comum para as construções populares e havia côvados específicos nas manufaturas têxteis ou para medição de terras, com suas extensões próprias. Embora ainda possa ser uma referência informal em alguns países, devido a sua popularidade, não é uma unidade de medida padronizada e aceita.
[6] CHITAS E ALGODÃO. Tecido de grande circulação e usos variados, tido contemporaneamente como representativo da cultura brasileira por suas estampas coloridas e tropicais, a chita é feita de algodão rústico, acabamento engomado e tramas simples. Originaria da Índia, de onde provém o nome chitra, que significa “matizado” em sânscrito, a chita teria chegado a Europa a partir da expedição de Vasco da Gama e foi utilizada na confecção de roupas para os escravos e na produção de saias para as mulheres brancas no uso privado. A manufatura e exportação da chita e do algodão devem também ser compreendidas na perspectiva do exclusivo colonial e do comércio entre a praça do Rio de Janeiro e o reino, uma vez que é a partir da metrópole que se dá a sua distribuição na Europa. Como indica o historiador João Fragoso, em um quadro no qual a América portuguesa era o principal comprador dos produtos do reino, em 1815, mais da metade da produção de chita e saias era comprada fora de Portugal. Obtido a partir do filamento sedoso que envolve as sementes do algodoeiro, o algodão está na base da fabricação de diversos tipos de tecidos, tanto de alta, quanto de baixa qualidade. Tecidos grosseiros de algodão foram empregados para ensacar gêneros agrícolas ou para o vestuário dos escravos, respeitando o Alvará de 5 de janeiro de 1785, de d. Maria I, que liberou essa produção e, em contrapartida, proibiu as manufaturas de tecidos finos no Brasil, incluída aí a chita. Chita e algodão participam ainda do processo de trocas que se faz do Brasil para a costa africana e que envolve o comércio atlântico de escravos. Ainda na perspectiva do ultramar e de sua participação no motor da economia portuguesa, os panos de algodão, provenientes da Índia, foram matéria prima para a primeira fase da revolução industrial, no final do século XVIII. (FRAGOSO, João. Mercados e negociantes imperiais: um ensaio sobre a economia do império português (séculos XVII e XIX). História: Questões & Debates, Curitiba, n. 36, p. 99-127, 2002). [Ver também BELBUTES, CHITAS, BOMBAZINAS, FUSTÕES]
[7] RIO GRANDE DE SÃO PEDRO. Situado ao sul do estuário do rio da Prata, foi uma região descoberta ainda no século XVI, quando Martim Afonso de Souza realizou expedições para assegurar a manutenção dos territórios sob o domínio português, expulsando corsários franceses e fixando novos núcleos de povoamento. A capitania do Rio Grande de São Pedro do Sul teve sua ocupação estabelecida tardiamente e ao longo do período colonial viveu sob intensas disputas territoriais, por se tratar de uma região limítrofe do império português na América, era uma base de operações militares e motivo de preocupação aos administradores do reino. Em agosto de 1736, foi criada a freguesia de São Pedro, pertencente a capitania de Santa Catarina, subalterna ao Rio de Janeiro. No ano seguinte, deu-se oficialmente o início de sua colonização, com o estabelecimento de fortificações militares para resguardar a região, sob o comando do brigadeiro José da Silva Paes. Em 1750, com a vinda de colonos provenientes dos Açores e Ilha da Madeira, o povoado de São Pedro foi elevado à condição de vila. Inicialmente, propunha-se que esta imigração se baseasse na agricultura familiar de pequena propriedade, em convivência estreita com as grandes estâncias pecuaristas. As dificuldades enfrentadas pelas famílias, contudo (pragas, falta de segurança, escasso mercado para seus produtos) empurraram a grande maioria delas para uma integração com o sistema predominante. Dez anos mais tarde, devido ao crescimento populacional, é criada a capitania do Rio Grande de São Pedro, ainda sob a dependência do Rio de Janeiro. As relações socioeconômicas do Rio de Janeiro com o território do Rio Grande de São Pedro referem-se a todo um esforço de manutenção da Colônia do Sacramento como entreposto do comércio luso-brasileiro, os comerciantes do Rio de Janeiro eram os mais interessados na manutenção daquele porto no rio da Prata. Apenas em 1807, o governo do Rio Grande se separou do Rio de Janeiro como divisão administrativa subalterna, tornando-se capitania geral e assumindo o comando da capitania de Santa Catarina. A capitania aderiu a causa brasileira pela independência, e ao longo do período imperial foi palco de importantes disputas territoriais e questões de limites.
[8] MANUFATURA. O termo frequentemente é associado à indústria e a fábricas, por vezes, sendo usado indiscriminadamente. Manufatura, mais apropriadamente, seria a incipiente indústria do Brasil colonial. Ao longo desse período, verificou-se uma discreta presença de atividades manufatureiras (de caráter doméstico e artesanal) graças, sobretudo, à repressão operada pela Coroa portuguesa, pois este tipo de prática feria a estrutura do sistema colonial e a lógica mercantilista: onde a colônia exportaria produtos primários e importaria bens manufaturados de sua metrópole. Essa repressão culminou com a assinatura do alvará de 5 de janeiro de 1785, que proibiu a atividade manufatureira à exceção da produção de tecidos grosseiros de algodão, que serviam para ensacar gêneros agrícolas e para vestuário dos escravos. Esse setor da indústria colonial não foi afetado, mas não constituía uma atividade relevante do ponto de vista econômico. As manufaturas que se pretendiam combater, as que produzissem gêneros que rivalizassem com os produtos finos ingleses no mercado europeu, praticamente inexistiam na colônia. Somente depois da transferência da Corte e da sede do Império português para o Brasil em 1808, por meio do alvará de 1º de abril do mesmo ano, o príncipe regente revogou a lei de 1785 e, não apenas autorizou como passou a incentivar a instalação de fábricas no Brasil, concedendo isenção de direitos de importação de matérias-primas e subsídios para a construção das primeiras manufaturas, sobretudo no setor têxtil e de ferro. Ainda assim, boa parte das manufaturas criadas não vingaria, devido, principalmente, a impossibilidade das pequenas fábricas, sem mão de obra especializada e sem uma verdadeira organização fabril, de competir com as importações inglesas, mais baratas e de qualidade muito superior, preferidas pela maioria da população em condições de consumir. Sem capital para investimento em melhorias e sem um mercado consumidor interno, a maior parte delas acabou falindo. Entre as manufaturas que mais se destacaram ao longo do período colonial, podemos citar a construção naval favorecida pela grande oferta de madeiras de boa qualidade proporcionada pela colônia; a produção de têxteis, principalmente dos tecidos grossos de algodão para consumo interno, atividade doméstica e feminina, muito disseminada pelo Brasil (sobretudo em Minas Gerais) e que constituía a fonte de renda para muitos colonos; e atividades artesanais diversas, urbanas e rurais, voltada para a produção de artigos necessários à vida cotidiana, como móveis, cerâmica, instrumentos de ferro, sapatos, ourivesaria, entre outros, exercidas sobretudo por escravos de ganho e libertos. A autorização das manufaturas e sua promoção em todo Império português por d. João, em abril de 1808, faziam parte de toda uma política de cunho liberal defendida por intelectuais como José da Silva Lisboa, visconde de Cairu. Posteriormente, uma série de alvarás que concediam isenções e privilégios, foram assinados, com o objetivo de impulsionar a produção manufatureira no Brasil e nos domínios ultramarinos portugueses.
[9] JOÃO VI, D. (1767-1826). Segundo filho de d. Maria I e d. Pedro III, se tornou herdeiro da Coroa com a morte do seu irmão primogênito, d. José, em 1788. Em 1785, casou-se com a infanta Dona Carlota Joaquina, filha do herdeiro do trono espanhol, Carlos IV que, na época, tinha apenas dez anos de idade. Tiveram nove filhos, entre eles d. Pedro, futuro imperador do Brasil. Assumiu a regência do Reino em 1792, no impedimento da mãe que foi considerada incapaz. Um dos últimos representantes do absolutismo, d. João VI viveu num período tumultuado. Foi sob o governo do então príncipe regente que Portugal enfrentou sérios problemas com a França de Napoleão Bonaparte, sendo invadido pelos exércitos franceses em 1807. Como decorrência dessa invasão, a família real e a Corte lisboeta partiram para o Brasil em novembro daquele ano, aportando em Salvador em janeiro de 1808. Dentre as medidas tomadas por d. João em relação ao Brasil estão a abertura dos portos às nações amigas; liberação para criação de Manufaturas; criação do Banco do Brasil; fundação da Real Biblioteca; criação de escolas e academias e uma série de outros estabelecimentos dedicados ao ensino e à pesquisa, representando um importante fomento para o cenário cultural e social brasileiro. Em 1816, com a morte de d. Maria I, tornou-se d. João VI, rei de Portugal, Brasil e Algarves. Em 1821, retornou com a Corte para Portugal, deixando seu filho d. Pedro como regente.
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BENTO, Cláudio Moreira. Em Canguçu Velho - Canguçu - RS a Sede da Real Feitoria do Linho Cânhamo do Rincão do Canguçu 1783-89. Edição da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB). Resende, 2009.
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LUZ, Alex Faverzani da. O fomento manufatureiro em Portugal e os efeitos da política econômica pombalina (século XVIII). Revista Trilhas da História. Três Lagoas, v.8, n.15, jul-dez, 2018. p.90-104 ISSN:2238-1651
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